Vinda de Coimbra, a Brigada Victor Jara é neste momento a instituição maior no que concerne aos projectos de recriação do nosso cancioneiro tradicional. Fundada em 1975, é também um dos grupos mais longevos da nossa música de qualquer género - e estão em destaque neste “Gramofone”.

O primeiro disco, “Eito Fora – Cantares Regionais”, é de 1977, e contava com uma formação da qual já não resta nenhum elemento hoje em dia. Nesse e no trabalho seguinte, “Tamborileiro”, de 1979, o grupo contava com Né Ladeiras na voz. Arnaldo Carvalho e Manuel Rocha tinham entrado pouco depois do primeiro disco e Rui Curto algum tempo mais tarde, gravando já os três este trabalho. São eles os mais antigos membros ainda no grupo.

A canção de hoje fez originalmente parte do álbum “Contraluz”, gravado pela Brigada Victor Jara em 1984 para a CBS. Nessa altura, após o sucesso comercial de discos dos Trovante, de Fausto ou de Júlio Pereira, as próprias multinacionais apostavam em grupos de inspiração tradicional para os seus catálogos.

Convidados por Júlio Isidro para o programa “Arroz Doce”, em Abril de 1985, o grupo era então constituído por Amílcar Cardoso, Ananda Fernandes, Arnaldo Carvalho, Fernando Jorge Seabra, Luís Garção Nunes, Luísa Cruz, Manuel Henriques, Manuel Rocha, Ofélia Libório, Rui Curto e Tony Andrade. É esse momento ao vivo que aqui mostramos, com a interpretação de “Cantiga Bailada”, que mais tarde regravariam.

“Ceia Louca”, de 2006, é o mais recente álbum de originais do grupo, mas em 2015 a Brigada Victor Jara teve os seus 40 anos de vida celebrados com a edição da caixa “Ó Brigada!”, que inclui toda a sua obra e que se tornou num projecto de êxito em plena era digital.

Agora, é mesmo em analógico, em 1985!