BONGA, por João Carlos Callixto
18 Jun 1978 - "Mona Ki Ngi Xiça"
A riquíssima música de Angola exerceu sempre um fascínio sobre os portugueses, antes e depois da independência do território, proclamada em Novembro de 1975. O nome em foco neste “Gramofone” é sem dúvida um dos talentos cimeiros da Música desta ex-colónia portuguesa, com reconhecimento a nível mundial, tendo também França e os Países Baixos papéis importantes nesse capítulo. Curiosamente, José Adelino Barceló de Carvalho, na altura ainda longe do nome artístico com que viria a tornar-se conhecido, começa por se destacar no atletismo em Angola e em Portugal, batendo recordes em várias modalidades até 1972 - o ano do seu trabalho de estreia como intérprete. Mas os seus primeiros passos em disco são ainda do final da década de 60.
Foi em 1968, no registo de estreia da também angolana Lilly Tchiumba, que o nome de Barceló de Carvalho surgiu pela primeira vez. O futuro Bonga assina “Paxi Ni N’Gongo” e “Bocande”, canções com que abria e fechava esse EP publicado pela Valentim de Carvalho e que contou com arranjos de Teta Lando, outro nome maior da música de Angola. No ano seguinte, a histórica editora portuguesa cria o selo discográfico N’Gola, focado quase exclusivamente na produção artística local, e aí se estreia Elias Diá Kimuezo com dois singles onde participa Bonga. Kimuezo, conhecido como “rei da música angolana” e uma das poucas referências vivas da mesna geração, chama também para esses trabalhos Teta Lando e um outro jovem atleta que começa a destacar-se como cantor junto do público português nesta mesma altura: Ruy Mingas. Seria precisamente pela sua voz que “Mona Ki Ngi Xiça”, a composição de Bonga que aqui ouvimos, foi primeiro gravada em disco - no álbum “Angola”, editado pelo selo Zip-Zip e que incluía também “Muadiakimi”, uma co-autoria de Barceló de Carvalho e Teta Lando.
No histórico ano de 1972, Bonga participa em quase todo o álbum “Blackground”, do Duo Ouro Negro, então os grandes divulgadores internacionais da música angolana. Pouco depois, e já a partir dos Países Baixos, sai “Angola 72”, LP de estreia de Barceló como intérprete e assinando já como Bonga. Para além da canção deste “Gramofone”, captada em 1978 no bar Zodíaco para o programa “Festa da Música”, aí encontramos algumas das anteriormente gravadas por outras vozes e ainda a presença de Mário Rui Silva, dono de um percurso em nome próprio reconhecido também fora de portas e, ao lado de Mário Bento, acompanhador de Bonga neste vídeo.
Ainda antes do segundo álbum, “Angola 74”, e que viria a ser o último antes da independência do seu país, Bonga participa como autor no único longa-duração de Lilly Tchiumba - “N’Zambi É Deus”, de 1973. Com um percurso constante em termos discográficos a partir daí, Bonga publica em várias editoras portuguesas e estrangeiras, vindo a tornar-se conhecido de todos em Portugal com a canção "Olhos Molhados", de 1988. No entanto, um pouco por todo o mundo, a sua música era já há muito uma das marcas mais presentes da cultura de Angola, país onde se continuava a viver uma guerra civil e cujos dramas Bonga também cantava. Imparável, celebrou os seus 80 anos em 2022 com o novo disco “Kintal da Banda”, editado pela Lusáfrica.
Foi em 1968, no registo de estreia da também angolana Lilly Tchiumba, que o nome de Barceló de Carvalho surgiu pela primeira vez. O futuro Bonga assina “Paxi Ni N’Gongo” e “Bocande”, canções com que abria e fechava esse EP publicado pela Valentim de Carvalho e que contou com arranjos de Teta Lando, outro nome maior da música de Angola. No ano seguinte, a histórica editora portuguesa cria o selo discográfico N’Gola, focado quase exclusivamente na produção artística local, e aí se estreia Elias Diá Kimuezo com dois singles onde participa Bonga. Kimuezo, conhecido como “rei da música angolana” e uma das poucas referências vivas da mesna geração, chama também para esses trabalhos Teta Lando e um outro jovem atleta que começa a destacar-se como cantor junto do público português nesta mesma altura: Ruy Mingas. Seria precisamente pela sua voz que “Mona Ki Ngi Xiça”, a composição de Bonga que aqui ouvimos, foi primeiro gravada em disco - no álbum “Angola”, editado pelo selo Zip-Zip e que incluía também “Muadiakimi”, uma co-autoria de Barceló de Carvalho e Teta Lando.
No histórico ano de 1972, Bonga participa em quase todo o álbum “Blackground”, do Duo Ouro Negro, então os grandes divulgadores internacionais da música angolana. Pouco depois, e já a partir dos Países Baixos, sai “Angola 72”, LP de estreia de Barceló como intérprete e assinando já como Bonga. Para além da canção deste “Gramofone”, captada em 1978 no bar Zodíaco para o programa “Festa da Música”, aí encontramos algumas das anteriormente gravadas por outras vozes e ainda a presença de Mário Rui Silva, dono de um percurso em nome próprio reconhecido também fora de portas e, ao lado de Mário Bento, acompanhador de Bonga neste vídeo.
Ainda antes do segundo álbum, “Angola 74”, e que viria a ser o último antes da independência do seu país, Bonga participa como autor no único longa-duração de Lilly Tchiumba - “N’Zambi É Deus”, de 1973. Com um percurso constante em termos discográficos a partir daí, Bonga publica em várias editoras portuguesas e estrangeiras, vindo a tornar-se conhecido de todos em Portugal com a canção "Olhos Molhados", de 1988. No entanto, um pouco por todo o mundo, a sua música era já há muito uma das marcas mais presentes da cultura de Angola, país onde se continuava a viver uma guerra civil e cujos dramas Bonga também cantava. Imparável, celebrou os seus 80 anos em 2022 com o novo disco “Kintal da Banda”, editado pela Lusáfrica.