BEATRIZ DA CONCEIÇÃO por João Carlos Callixto
31 Dez 1976 - "Lisboa Menina e Moça"
Hoje o “Gramofone” recebe a voz e a expressividade de Beatriz da Conceição. Mas se o seu “ex-libris” se chama “Meu Corpo”, com versos de José Carlos Ary dos Santos e música de Fernando Tordo, hoje recordamo-la com uma música do reportório de outro grande: é “Lisboa, Menina e Moça” (letra de Joaquim Pessoa e José Carlos Ary dos Santos, música de Paulo de Carvalho e Fernando Tordo), que nunca veio a ser gravada por Beatriz, aqui captada num programa especial de fim de ano em 1976 pela RTP.
Nascida no Porto, a nossa fadista logo no disco de estreia, em 1964, diz ao que vem. Grava “Eu Sou do Fado”, com letra de Lopes Victor e música de Francisco Carvalhinho, e a sua editora de então, a Telectra, descreve-a como “jovem, turbulenta e irreverente” (epítetos que guardou toda a vida) e ainda como sendo “uma rajada de ar fresco no meio fadista nacional”.
Em 1966, não só Beatriz da Conceição se estreia no teatro de revista como passa a gravar na Valentim de Carvalho. “Sou um Fado desta Idade (Op-Fado)”, com letra de Rogério Bracinha e música de Ferrer Trindade, marca a estreia na nova editora, tendo ainda em 2018 a fadista Maria Emília escolhido essa música para integrar o seu disco de estreia, dedicado a Beatriz. A recta final da década de 60 trouxe ainda reportório novo para a fadista com parcerias autorais menos óbvias, como “Três Santinhos Populares”, em que o humorista Badaró co-assina a letra, ou “Santo António Detective”, cujo texto é da autoria do então famoso criminologista Artur Varatojo.
A nova década traz um outro autor, que viria a ser dos mais cantados por Beatriz da Conceição: também actor, Vasco de Lima Couto escreve “A Vida Que Eu Sofro em Ti”, que a fadista grava em 1971. A editora era já outra, a Movieplay, a que se sucede depois do 25 de Abril a Estúdio, de Emílio Mateus. Nos dois discos que aí regista, Artur Ribeiro marca presença como autor de várias das letras, incluindo o quase-apocalíptico “Eu Nasci Amanhã”.
Em 1975, através do selo Discófilo (de Tonicha, do marido João Viegas e ainda de Ary dos Santos), Beatriz grava um single com a versão original de “Meu Corpo”. E, pasme-se, o arranjo não é feito com guitarras! Chamado Jorge Palma à liça, é o sintetizador que toma a dianteira, mostrando como Beatriz da Conceição nunca se fechou a quaisquer experiências novas – como viria a acontecer quando em 1996 junta a sua voz ao Huelgas Ensemble, do maestro belga Paul Van Nevel, numa união entre o fado e a música antiga. Seriam “As Minhas Emoções”, como Beatriz chamou ao único álbum de originais que nos deixou, editado em 2002.
Nascida no Porto, a nossa fadista logo no disco de estreia, em 1964, diz ao que vem. Grava “Eu Sou do Fado”, com letra de Lopes Victor e música de Francisco Carvalhinho, e a sua editora de então, a Telectra, descreve-a como “jovem, turbulenta e irreverente” (epítetos que guardou toda a vida) e ainda como sendo “uma rajada de ar fresco no meio fadista nacional”.
Em 1966, não só Beatriz da Conceição se estreia no teatro de revista como passa a gravar na Valentim de Carvalho. “Sou um Fado desta Idade (Op-Fado)”, com letra de Rogério Bracinha e música de Ferrer Trindade, marca a estreia na nova editora, tendo ainda em 2018 a fadista Maria Emília escolhido essa música para integrar o seu disco de estreia, dedicado a Beatriz. A recta final da década de 60 trouxe ainda reportório novo para a fadista com parcerias autorais menos óbvias, como “Três Santinhos Populares”, em que o humorista Badaró co-assina a letra, ou “Santo António Detective”, cujo texto é da autoria do então famoso criminologista Artur Varatojo.
A nova década traz um outro autor, que viria a ser dos mais cantados por Beatriz da Conceição: também actor, Vasco de Lima Couto escreve “A Vida Que Eu Sofro em Ti”, que a fadista grava em 1971. A editora era já outra, a Movieplay, a que se sucede depois do 25 de Abril a Estúdio, de Emílio Mateus. Nos dois discos que aí regista, Artur Ribeiro marca presença como autor de várias das letras, incluindo o quase-apocalíptico “Eu Nasci Amanhã”.
Em 1975, através do selo Discófilo (de Tonicha, do marido João Viegas e ainda de Ary dos Santos), Beatriz grava um single com a versão original de “Meu Corpo”. E, pasme-se, o arranjo não é feito com guitarras! Chamado Jorge Palma à liça, é o sintetizador que toma a dianteira, mostrando como Beatriz da Conceição nunca se fechou a quaisquer experiências novas – como viria a acontecer quando em 1996 junta a sua voz ao Huelgas Ensemble, do maestro belga Paul Van Nevel, numa união entre o fado e a música antiga. Seriam “As Minhas Emoções”, como Beatriz chamou ao único álbum de originais que nos deixou, editado em 2002.