Uma das mais belas serras portuguesas está a ser lentamente destruída.
No interior da Arrábida onze pedreiras vivem à conta da morte da serra, apesar de estar classificada como parque natural desde 1976. Foi desta reserva natural que saiu pedra para as grandes obras públicas, como a ponte Vasco da Gama, Expo-98 e Centro Cultural de Belém. Afinal, o mesmo Estado que a protegeu é, também, o seu principal cliente. É ela que continua a alimentar toda a construção civil da área metropolitana de Lisboa, Setúbal e até Alentejo.
Retira-se da Arrábida o que podia ir buscar-se a outras serras do país que não estejam classificadas como áreas protegidas.
Este parque natural enfrenta ainda outros perigos, como a expansão urbanística. Os concelhos limítrofes, Setúbal, Palmela e Sesimbra estão a avançar drasticamente em direção à Serra. Esta é, aliás, o isco para a venda de condomínios de luxo, enquanto as tradicionais quintas da região são retalhadas e vendidas em lotes, onde se constroem prédios de arquitetura duvidosa.
No parque natural que o Estado protegeu com leis, quem acaba por vencer são os interesses económicos.
É afinal o triunfo das pedras, título da reportagem da jornalista Paula Colaço.