Entre 1961 e 1974, Portugal está envolvido, simultaneamente, em três frentes de combate, nas colónias de Angola, Guiné e Moçambique. O regime de Salazar vive ainda os efeitos da crise provocada pelas eleições de 1958 e do assalto ao Santa Maria, quando, a 4 de Fevereiro de 61, se dá o assalto às prisões de Luanda. A 15 de Março, a UPA de Holden Roberto lança violentos ataques no norte de Angola. Desde então, a guerra que opõe o governo de Lisboa aos movimentos de Libertação de Angola, Guiné e Moçambique torna-se, progressivamente, na questão central do Estado Novo. O conflito só terminará com o fim da própria ditadura, em 25 de Abril de 1974. Durante mais de uma década, o país vai empenhar todos os seus meios materiais e humanos na defesa de uma causa perdida. Mas é contra os chamados "ventos da História" que o último império colonial, primeiro com Salazar e depois com Marcelo Caetano, vai demonstrar invulgares perícia e capacidade de resistência, quer no terreno militar quer no plano diplomático. Apesar disso, acaba "orgulhosamente só": condenado externamente, de forma quase unânime, pela comunidade internacional e, internamente, pela opinião pública e pelos próprios militares. É, aliás, a questão colonial que estará na origem do movimento dos capitães que porá fim ao regime. A história desta epopeia trágica que marcou profundamente a sociedade portuguesa e as relações com os novos países africanos saídos da descolonização é contada no nono episódio da Crónica do Século com recurso a imagens dos arquivos da RTP e depoimentos de inúmeras testemunhas e protagonistas de ambos os lados do conflito. Jornalista: José Manuel Silva Conselheiro científico: Professor-Doutor António Telo.