As eleições presidenciais de 1958 abalaram os alicerces do Estado Novo. Salazar confessaria a Franco Nogueira que, com mais dois meses de campanha eleitoral, Delgado teria ganho. Mas a dúvida sobre os verdadeiros resultados destas eleições subsiste. Os resultados eleitorais que deram a vitória a Américo Tomás nunca foram publicados em Diário do Governo. E há múltiplos testemunhos sobre violações de urnas eleitorais por parte de partidários do Estado Novo. Os arquivos da PIDE, entretanto abertos, provam muitas dessas fraudes. Este verdadeiro terramoto político prolonga-se até 1962. Os seus protagonistas foram dois ex-dignitários do regime e homens de confiança de Salazar: Humberto Delgado e Henrique Galvão. Ainda não se tinham dissipado as ondas de choque do efeito Delgado e já o regime sofria novo e rude golpe: um comando dirigido por Henrique Galvão assalta e desvia o paquete Santa Maria. Foi no início de 1961, o "annu horribilis" do Estado Novo: seguem-se a guerra em Angola, a "abrilada" de Botelho Moniz, a invasão de Goa e, a marcar a noite de S.Silvestre, a tentativa de golpe militar de Beja. Até finais de 1962, o Portugal de Salazar continua a tremer. Jornalista: Manuela Martins Conselheiro Científico: Professor-Doutor Fernando Rosas