Os anos de 1917 e 1918 foram dos piores do Século XX em Portugal. Os portugueses morreram aos milhares: em consequência de fomes, de epidemias, de lutas internas e nas frentes de combate da Primeira Guerra Mundial.
A miséria fez surgir fenómenos messiânicos, como as aparições de Fátima e de Sidónio Pais, um desconhecido professor de matemática de Coimbra que, em Dezembro de 1917, derruba o governo de Afonso Costa e, surgindo aos olhos do povo como o salvador da Pátria, se torna o primeiro Presidente da República eleito por sufrágio universal. Mas a República Nova de Sidónio desfaz-se com a mesma brevidade com que apareceu, vencida pelas deficientes condições de vida da população e pelas conspirações das inumeráveis facções políticas da República.
Em Dezembro de 1918, Sidónio é morto em Lisboa e o país vê-se confrontado com a única guerra civil deste século que opõe, uma vez mais, monárquicos e republicanos. Vencido Paiva Couceiro e derrotada a chamada "Monarquia do Norte", o país regressa à velha "ordem": Uma pequena elite que vence sempre as eleições, que não se entende no parlamento, que se incompatibiliza com o interior rural, mas também com o operariado urbano. Em apenas 7 anos, sucedem-se 23 governos. Neste quadro, os detentores do dinheiro e do poder acabam por se deixar seduzir pela nova corrente da moda em toda a Europa do Sul - a Ditadura.
Em 1926, quando as tropas de Gomes da Costa entram em Lisboa, a República cai sem que tenha sido disparado um tiro. E sem que ninguém tenha saído a terreiro em sua defesa.
Jornalista: Jacinto Godinho
Conselheiro Científico: Professor-Doutor António Telo