Ep. 10 23 Mar 2017
Na estreia da 4ª série de Príncipes do Nada, começamos por Moçambique, onde ser albino é viver com medo. Medo da discriminação, da violência e de ser raptado. Os mitos associados à falta de pigmentação na pele têm ditado o aumento dos casos de perseguições e assassinatos de pessoas com albinismo. Superstições que atribuem poderes mágicos aos órgãos e ossos de albinos alimentam um negócio macabro. O corpo inteiro de uma pessoa albina pode valer 75 mil dólares. No Norte do País, a situação é ainda mais alarmante. Em Nampula, conhecemos Pedro, um dos fundadores da associação Amor à Vida, criada em 2014 depois do desaparecimento do jovem César, irmão de Pedro, ambos albinos. Em Xai-xai, acompanhamos o admirável trabalho desta associação junto de famílias que vivem em comunidades mais isoladas e pobres, onde o nascimento de um filho albino pode levar a situação de abandono e a um maior risco de rapto ou perseguição. Ainda na Província de Gaza, comprovamos a importância da mensagem que os representantes da Amor à Vida, como a jovem Darissa, transmitem através de palestras de sensibilização em escolas para desmistificar o albinismo e acabar com o preconceito. Numa breve passagem pelo Hospital Central de Maputo, assistimos à intervenção cirúrgica a uma jovem de 21 anos que, à semelhança do que acontece à maioria dos albinos, sofre de cancro da pele. Os cremes protetores são indispensáveis, mas demasiado caros neste país. A Associação Amor à Vida tem hoje mais de 700 associados e luta diariamente, com muitas dificuldades, pela proteção dos albinos e pela defesa dos seus direitos.
Depois, seguimos viagem até ao mercado de Bafatá na Guiné-Bissau. Guiados pelas cores, os cheiros e os sabores deste país, descobrimos o Projeto de Apoio à Intensificação da Produção Alimentar e Desenvolvimento Comunitário(PAIPA-DC). A iniciativa é da Cooperação Portuguesa que quer reforçar a capacidade de produção do país, promover a inclusão das mulheres nos negócios, diminuir a insegurança alimentar e a pobreza. À boleia com Djaló, um guineense que abraçou o projeto da Cooperação Portuguesa, Catarina Furtado e a sua equipa visitam tabancas (aldeias guineenses), testemunham os benefícios do uso de tratores na produção de arroz nas bolanhas doces e da disponibilização de descascadoras de arroz para a população. Príncipes do Nada partilha ainda a agenda da ONU relativa aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que devem ser implementados até 2030, por um mundo mais equilibrado.