Uma dor de cabeça

Episódio 7 de 44 Duração: 30 min

Uma em cada cinco farmácias estão à beira da insolvência, 584 das 2584 que cobrem todo o país e que se queixam da baixa excessiva do preço dos medicamentos.

Muitos medicamentos comparticipados são pagos antecipadamente pelas farmácias que só são reembolsadas 60 dias depois pelo Estado.

Este prazo de dois meses aliado à reduzida margem de lucro do medicamentos, não deixa dinheiro em caixa para adquirir novos medicamentos e fazer face aos encargos com instalações e salários dos técnicos das farmácias.

A entrada em campo dos medicamentos genéricos esmagou as margens de lucro de tal forma que alguns fabricantes acabam por se recusar a produzir os medicamentos pedidos. Como consequência o Estado acaba por adquirir esses medicamentos a preços mais caros no mercado internacional.

Os portugueses recorrem cada vez mais às farmácias. Mais de 20 por cento da população tem mais de 65 anos e é polimedicada. Por esta razão as contas nas farmácias não param de subir, mesmo com o preço dos medicamentos a descer.

Os genéricos têm servido para o Estado poder adquirir mais medicamentos inovadores, mas a industria farmacêutica recusa a vender alguns desses medicamentos por considerar muito baixos alguns preços oferecidos pelo Estado.

A União Europeia não tem uma politica comum que ajude o cidadão necessitado, o mesmo medicamento pode ter vários preços em cada um dos países europeus, sendo que o mercado português é pouco apetecível e por isso aparentemente descurado. Um farmacêutico afirma mesmo que a vida de cada cidadão europeu varia de país para país.

O desinteresse da industria dos medicamentos de marca e as dificuldades das empresas de genéricos, associadas ao fraco poder de compra dos portugueses pode levar à falência de 584 farmácias a curto prazo.

Recorde-se que a rede de farmácia é a rede de cuidados de saúde mais homogénea em todo o país e a que está a poucos minutos da casa ou do local de trabalho de qualquer português.