Duas pedras encontradas no Algarve referem-se a duas mulheres, bem diferentes no seu estatuto social: uma escrava e uma senhora.
Num pedaço muito danificado de uma lápida, em poucas palavras descobre-se um nome, Trophime. É uma escrava que, seguindo a família romana do seu senhor, procurou um lugar para viver no barrocal algarvio.
A outra mulher, a senhora Marina, filha de Lúcio, pertencia à ilustre família dos Cecílios, e era alguém importante em Ossonoba, Faro. Sabemos da sua existência pela lápida funerária que informa da sua morte aos 85 anos.
São duas histórias que se cruzam de modo diferente nos caminhos do Algarve romano, passando na sumptuosa villa de Milreu. A villa pertenceu a um poderoso romano de nome ainda desconhecido que fez construir num lugar fértil e de bons ares junto à atual Estoi o seu pequeno paraíso particular. Os senhores de Milreu gozavam de todo o luxo e conforto dignos de uma casa patrícia. Para mostrarem ainda mais o seu poder, riqueza e piedade mandaram erguer um templo que ao longo dos séculos foi servindo diferentes religiões e ainda hoje é visível.
Semeados por toda a propriedade, mosaicos com peixes lembram que Milreu apesar de estar no barrocal teria no mar uma das suas fontes de riqueza.