"Eu sou carvão!/ E tu arrancas-me brutalmente do chão/ e fazes-me tua mina, patrão.
Eu sou carvão! /E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão /e tenho que arder sim;/ queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão;/ tenho que arder na exploração /arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão,/ até não ser mais a tua mina, patrão.
Eu sou carvão./ Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!/ Eu sou o teu carvão, patrão."
- José Craveirinha (Poeta e jornalista moçambicano)