Ep. 4 04 Nov 2016
Retemperadas as forças, o viajante e investigador Joaquim Magalhães de Castro parte para o distante e inóspito mas belo Ladakh, na fronteira com o Paquistão, região de forte cultura tibetana, encerrada ao mundo durante boa parte do ano devido ao seu rigorosíssimo Inverno. Cercado por uma admirável paisagem onde se intercalam pitorescos vales, habitados e cultivados, com montes lunares onde os animais selvagens são o único sinal de vida, sucedem-se as portelas, entre as quais a segunda mais alta passagem asfaltada do mundo. Leh, antiga capital do poderoso reino de Ladakh e importante centro lamaísta, é ponto de partida para mais uma longa e difícil jornada, rumo ao belíssimo lago de Tsomoriri, junto à fronteira chinesa do Tibete Ocidental, não muito longe das ruínas de Tsaparang. Foi esta a rota em 1631 utilizada por Francisco de Azevedo e João de Oliveira, dois outros importantes pioneiros jesuítas. Uma vez mais de regresso às planícies hindustanis, Joaquim Magalhães de Castro deixa a capital indiana, Deli, rumo aos Himalaias, desta vez para percorrer a primeira rota utilizada pelo padre António de Andrade. Visita as cidades santas de Haridwar e Rishikesh, repletas de crentes hindus, e, sempre na companhia do rio Ganges, que corre nos vales cada vez mais fundos, embrenha-se pelas altas montanhas cobertas de pinheiros e abetos do Garwhal indiano, até ao templo de Badrinat, local de peregrinação dedicado a Shiva, o deus dos deuses, reputado pelas suas águas termais com propriedades miraculosas.
Era perto de Badrinath, na aldeia de Mana, que os jesuítas portugueses retemperavam forças antes de iniciar a extenuante travessia para o Tibete, quantas das vezes com o risco da própria vida, merecendo, por isso, o justo título de «primeiros alpinistas europeus da História!».