Se um poeta pode ter obra, Bocage foi o magno exemplo de quem a construiu... mas cujo rasto se dispersou por todos aqueles que o ouviram. Estes três volumes das suas Rimas não passam de um resquício do que foi o génio deste português tão singular, em pleno século XVIII das "Luzes". Com publicação espaçada (o III volume já a título póstumo), e seguindo a ordem cronológica da sua composição (não diremos escrita, porque o repentismo era constante), estas compilações ilustram bem (porque as imagens são exemplares) a espontaneidade e, por outro lado, a perfeição formal que Bocage alcançou. De vida desregrada e preso aos vícios máximos da sua época (entre eles, a liberdade absoluta) Manuel Maria Barbosa du Bocage encontrou na beleza dos versos e, principalmente, na arte do soneto aquilo que buscou toda a desgraçada vida: a eternidade.