O amor não tem de ser sempre trágico ou regado a sangue para que uma história seja emocionante. Em pleno período do Romantismo literário, um jovem médico português, ironicamente radicado em Ovar por motivos de saúde, construiu um romance simples, puro e suave. Em pleno desenvolvimento do território português - obras públicas de grande envergadura, cidades cada vez maiores -, Júlio Dinis (pseudónimo) coloca nos verdes prados de uma aldeia do Norte a vida romanceada de duas irmãs e dos seus respectivos pretendentes. Margarida e Clara são como água e azeite, com personalidades muito distintas. Se uma é a personificação da calma, do recato e da postura maternal, a outra vive da espontaneidade e da procura de sensações fortes. Do lado masculino surgem-nos, também, dois irmãos: Daniel e Pedro. O primeiro buscou fora da aldeia o que ela não lhe conseguia dar: uma vida diferente; o segundo, qual verdadeiro filho da terra, personifica o homem do campo (simples, calejado) e é uma cópia mais jovem de José das Dornas (seu pai). A partir daqui, entra a novela... uma sucessão de episódios rocambolescos, de amores e desejos cruzados e de personagens secundárias que dão um aroma especial ao doce romance. João Semana e o Senhor Reitor são apenas dois exemplos de personagens que, longe das páginas de um livro, encontraram um espaço muito seu na cultura popular. Por fim, e na sequência dos folhetins que trouxeram esta história ao público-leitor, tudo se resume numa memória, em que uma jovem pastorinha canta para um rapaz deslumbrado pela sua voz.