Robert Wilson, escritor, inglês, correu Seca e Meca até fundear em plena Serra d´Ossa, no Alentejo profundo. Há bem pouco tempo, um daqueles
incêndios estivais que não poupam nada, quase lhe transformava o paraíso em inferno, e a vida em cinzas. Escapou para contar, aqui na Dois, com
serenidade britânica, como é viver entre portugueses.
Não deve ser difícil, para quem correu meio-mundo, identificar um paraíso quando lhe calha dar com ele. Robert Wilson achou finalmente no interior alentejano, o porto de abrigo donde lança os seus livros policiais à conquista do misterioso mundo das letras e dos leitores, ele que teve o seu primeiro grande sucesso com " O último acto em Lisboa".
Como será viver ali, num buraco perdido na serra, e dali ver o universo?
Como vê ele, que é escritor e, portanto, um detective da alma humana, os humanos que lhe estão à volta, os vizinhos que certamente ignoram quem ele é e o que faz? E porquê Portugal? Que aprende connosco e que poderemos nós aprender com ele?
Repartindo as peripécias e aventuras da obra por terras portuguesas e espanholas, Wilson expõe, com solidez e amigável ironia, o seu sempre novo
quotidiano entre nós, no meio da serra ardida, por entre as chamas da criação literária. É dali que nos vê, é ali que nós o vemos e ouvimos.