Richard Zimler, americano de origem mas luso-americano por opção, vive no Porto, é lido e traduzido (o seu primeiro sucesso foi "O último cabalista de Lisboa"), diz-se "um péssimo judeu" e explica porquê. Diz mais coisas, igualmente curiosas, sobre si e sobre nós, numa conversa com história de ontem e de hoje, com literatura de sempre, e vida vivida todos os dias. Na Dois.
Muitos têm sido os escritores que, por vontade própria ou vontade alheia, desde sempre se viram lançados à estrada do exílio voluntário ou forçado. A uns foi benéfica a mudança, a outros foi cruel ou fatal. Mas, lá no fundo, todos eles habitam o país mágico a que chamamos Literatura, esse refúgio, esse calvário.
Richard Zimler não usa meias palavras no que escreve e diz. Americano, judeu, homossexual, vive e trabalha de há uns anos para cá no Porto. Sendo romancista com obra publicada em várias línguas, aqui encontrou uma pátria a que também chama sua, e uma língua onde já se equilibra bem.
E é benévolo, mas não indiferente, o olhar que Zimler lança sobre o meio onde escolheu viver, a raça a que pertence, a condição humana que lhe calhou em sorte. Assumiu dupla nacionalidade e o facto torna-se sintomático do carinho que vota ao país que o acolheu. Mas não receia chamar aos bois pelos nomes, sejam as manadas americanas ou portuguesas, e até nisso é cidadão do mundo, com raízes antiquissimas e esperanças sem limite.
Também com ele aprendemos a ser quem somos.