De todas as comunidades a residir em Portugal, a brasileira é a que tem neste momento mais visibilidade. E essa evidência é fácil de constatar: É que existem apenas dois restaurantes, um no Sardoal e outro em Alter do Chão, que não possuem empregados brasileiros. Extraordinário.
É verdade. Os portugueses passaram a ser atendidos com mais simpatia nos cafés e restaurantes, mas a imagem não se alterou: os portugueses têm com os brasileiros um enorme grau de desconfiança. Defendem mesmo que detrás da falsa simpatia eles escondem a ganância de quem andou uma vida inteira a apanhar soco no morro da favela.
Mas mesmo o mais energúmeno dos portugueses terá de reconhecer uma coisa: foi preciso as brasileiras chegarem a Bragança para Portugal ter direito a ser assunto de capa da prestigiada revista Time e, mais ainda, foi com elas que os homens da região reaprenderam a sorrir.
Os brasileiros não vêm para Portugal por causa da língua, pois no princípio o português de Portugal soa-lhes a russo; não vêm por causa dessa porra do passado histórico; e muito menos pela triste música portuguesa que não tem pagode, samba ou axé. Não é também por causa da gastronomia lusa, uma das nossas coisas efectivamente boas, uma vez que os brasileiros preferem a pobreza do feijão e da farofa.
Vamos por partes lançando a questão:
A relação entre Portugal e o Brasil está hoje separada por um balcão de café?
Convidados: Edson Athayde (Publicitário), Daniella Faria (Actriz) e Leonel Vieira (Realizador)