E quando saem em liberdade? A RTP acompanhou a saída de duas reclusas do Estabelecimento Prisional de Santa Cruz do Bispo, em Matosinhos, e voltou a encontrá-las um mês depois. Para a Emília foi o segundo dia de trabalho na empresa de confecção em que começou a trabalhar na cadeia. Para a Fernanda foi o desespero da mentira e o medo de ser descoberta.
O EP de Santa Cruz do Bispo tem das mais elevadas taxas de ocupação e um modelo de gestão inédito na Europa. A Santa Casa da Misericórdia do Porto faz a gestão em parceria com a Direcção Geral dos Serviços Prisionais.
O resultado é a ocupação de mais de metade das reclusas, nesta cadeia feminina de Matosinhos. Trabalho, formação profissional e ensino. O trabalho é pago. As reclusas chegam a ganhar mais de 300 euros por mês.
Condições que mostram a aposta deste EP no acompanhamento das reclusas. ?São estas pessoas que estão aqui e podiam ser outras. Há outros que terão as mesmas razões para estar aqui e não estão?, defende o cónego Ferreira dos Santos, provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, para concluir que antes do crime cometido está a dignidade humana.
E quando saem em liberdade? Ninguém sabe o que acontece. Não há nenhum estudo, nem nenhuma avaliação que permita saber se o investimento de 40 euros por dia num recluso resulta na sua integração na comunidade ou no regresso ao crime.
?Marcadas pelo crime? é uma reportagem da jornalista Patrícia Pedrosa, com imagem de Jaime Guilherme e Paulo Gomes, edição de imagem de Paulo Alexandre e pós-produção áudio de Nuno Soares.