No centro de Kiev, capital da Ucrânia, a RTP encontrou centenas de marshrutkas. Carrinhas de particulares, sem licenças e sem registos, que circulam num negócio controlado pelo crime organizado. ?Desde que se paguem algumas taxas, o negócio pode funcionar?, assegura o inspector do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), José Van Der Kellen.
A RTP viajou numa destas carrinhas. É a primeira vez que jornalistas portugueses fazem uma viagem nas marshrutkas. Passam por fronteiras e transportam pessoas e mercadorias, pelas auto-estradas europeias. O tráfico de pessoas e bens são o principal negócio das organizações criminosas que usam estes transportes, declara o último relatório da Europol sobre crime organizado. Nestas carrinhas transporta-se tudo o que dá lucro, incluindo armas desmontadas, assegura uma fonte do SEF.
Há poucos anos atrás o negócio somava os assaltos aos passageiros. ?Eles tinham arma. Estava muito perigoso, o motorista tinha que parar, não podia sempre andar?, relata Ivan Shemchula, um imigrante, há 5 anos, em Portugal. Hoje, prevalece a presença permanente da corrupção e do crime organizado, mais ou menos violento, neste negócio clandestino, que se estende a toda a Europa. A viagem que a RTP fez segue a rota de muitas outras viagens. A rota do leste pelo Mediterrâneo é uma das três identificadas nos relatórios da Europol.
No dia da partida, o motorista não prevê nem o dia, e muito menos, a hora da chegada. É ele que manda na marshrutka como o comandante manda no navio, e, para ele é muito simples: pela frente há 4 500 quilómetros de estrada, em que, tudo pode acontecer.
Uma reportagem da Jornalista Patrícia Pedrosa e do Repórter de Imagem Nuno Patrício