Todos os anos suicidam-se 5 dos 22 mil agentes de Segurança Pública.
É um fenómeno alarmante face à média anual de suicídios na população civil: 2 por cada 22 mil habitantes.
Os mais vulneráveis são jovens agentes entre os 25 e os 29 anos.
Vivem quase sempre sozinhos na Grande Lisboa, deslocados das famílias e das terras de origem.
O stress profissional, o isolamento e a proximidade constante de armas de fogo são apontados como os principais factores de risco. Mas a PSP não sabe quantos agentes enfrentam distúrbios psicológicos desta natureza.
O único cálculo realizado, até ao momento, encontra-se nos ficheiros do Sindicato dos Profissionais de Polícia. Contém as identidades de mais de uma centena de polícias que se confessaram à beira do suicídio e alerta para a existência de muitos mais casos, vividos em silêncio.
Encontrámos bastantes agentes que nunca procuraram ajuda. Por vergonha de assumir a fraqueza. Por medo de serem despromovidos.
Entre dentes sussurram os episódios de violência que os enfraqueceram por dentro.
A revolta leva-os a querer usar a arma que trazem no coldre, a toda a hora. Confessam-se perigosos. Para si e para os outros, sem receio de assumir que com esses pensamentos contrariam tudo o que aprenderam, ou seja, a usar a arma apenas como último recurso e somente para defender vidas.
Alguns estão em baixa psiquiátrica mas nunca foram desarmados e exibem, como trunfos, as licenças de porte de arma que lhes foram passadas já depois de terem ficado doentes.
Nos últimos 14 anos, houve 55 famílias que enfrentaram este drama.
Não tiveram direito a qualquer subsídio.
Um trabalho da jornalista Sandra Felgueiras