Até meados de 1967, os corpos dos soldados que perdiam a vida na guerra do Ultramar só eram transladados para Portugal caso as famílias pagassem uma quantia elevada para a época: onze mil escudos. Este facto originou que cerca de três mil militares portugueses ficassem enterrados em Angola, Moçambique e Guiné Bissau espalhados por mais de meio milhar de locais diferentes.
Hoje, grande parte destes cemitérios encontram-se totalmente ao abandono apesar de existir um programa de recuperação da Liga dos Combatentes que até agora pouco ou nada conseguiu fazer.
Trinta anos depois do fim da guerra, existem famílias que estão interessadas em transladar os restos mortais dos seus parentes e pretendem pedir ajuda ao governo português. A última trasladação dos restos mortais de um militar falecido nas ex-colónias ocorreu em 2003. As ossadas do Tenente-Coronel Maggiolo Gouveia foram identificadas numa vala comum em Timor Leste e trazidas para Portugal a custas do Estado.
?Dor Adormecida? é uma reportagem do jornalista Jorge Almeida, com recolha de imagens de Carlos Oliveira e edição de imagem de Paulo Marcelino. O trabalho contou ainda com a colaboração de Marta Jorge (Guiné-Bissau), Fernando Gomes (Angola) e Ricardo Mota (Moçambique).