Bocage é avisado de que os esbirros de Pina Manique estão atrás de si. O poeta prepara-se para escapar rumo ao Brasil (Bahia) a bordo da corveta Aviso.
É apanhado. No dia 7 de Agosto, Bocage dá entrada da prisão do Limoeiro. Para o Intendente, a tentativa de fuga só servia para fornecer ainda mais claros indícios de que o acusado era mesmo culpado de todos os delitos de que havia sido denunciado e de ser o autor de ?papéis ímpios, sediciosos e críticos?.
No Limoeiro, Bocage é conduzido ao segredo, nome que se dá à casa forte e onde são metidos os presos indisciplinados. Bocage suporta agora aquilo que o pai sofrera 26 anos antes, e começa a colocar no papel tudo o que passa na sua alma atormentada.
Na prisão, desesperado, Bocage tenta obter o favorecimento de conhecidos ilustres, como a Marquesa d?Alorna, José Seabra da Silva, ministro do Reino, que conhecera as agruras do cárcere na mesma altura que seu pai, mas sem sucesso. Ao juiz do Crime do bairro do Andaluz, Inácio José de Morais, o responsável directo pela sua detenção, Bocage tece rasgados elogios em sonetos de homenagem, tentando ganhar a simpatia do juiz, mas também sem sucesso.
A verdade é que todos eles acabam por ser, de uma maneira ou de outra, conquistados pelo poeta, e todos tentam convencer Pina Manique a libertá-lo. Mas o Intendente não cede a pressões, e não deixa de manter Bocage na prisão. Primeiro tinha de ter a certeza de que Bocage se ?reeducara?... Em Dezembro de 1797, Bocage é transferido, a pedido de Pina Manique, para o cárcere da Inquisição de Lisboa, no Palácio dos Estaus, no Rossio. Lá, é submetido ao interrogatório de praxe, acusado de ?compor obras heréticas?.