Em Setúbal, os tios, irmãos e primos de Bocage nomeiam procurador o advogado Simão Ferreira para se opor à execução de penhora dos bens do bacharel José Luis Soares de Barbosa, sob o argumento de que pertenceriam aos herdeiros de Clara Francisca Lustoff du Bocage, já falecida, e não ao executado, como alegava o Estado. O irmão de Bocage toma a iniciativa de obter procuração de todos os interessados na preservação da herança do pai, e consegue-o de todos, menos de Bocage. Desvendam-se as razões do afastamento de Bocage da sua família, um caso mal resolvido de amores do poeta por Maria Gertrudes, esposa actual do irmão, na mesma altura que o seu pai era levado para a prisão do Limoeiro, vítima de uma trama política.
Bocage depara-se com uma situação que o deixa indignado: José Daniel Rodrigues da Costa era o poeta mais popular de Lisboa. Estava sobre a protecção de António Joaquim de Pina Manique, administrador da Alfândega das Sete Casas, irmão e ajudante do Intendente. Nomeado administrador das Quatro Portas da Cidade e ramo de Belém, por favorecimento político, José Daniel levava uma vida folgada e tinha muito tempo para se dedicar aos versos. Juntara-se à Nova Arcádia depois de Bocage sair, revelando os primeiros indícios do que viria a ser uma aproximação efectiva do Intendente à agremiação. Começa a publicar o Almocreve das Petas, obra em folheto que saía sem periodicidade, mas em intervalos curtos, contando em versos casos que aconteciam na cidade e que se ouviam à porta das boticas e botequins. Como criticava os poetas que cultivavam a língua, Bocage irritou-se com José Daniel, a quem chamou de ?machucho poetarrão?.
Meter-se directamente com o irmão do Intendente não ajuda à causa de Bocage.