Os rios demoraram a ver revelado o estado lastimável em que se encontrava a qualidade das suas águas. Durante muitos anos, as imagens televisivas mostraram insistentemente rios de águas cristalinas - como locais de bem-estar, e palcos de actividades desportivas, de festas e pescarias. Mas, a partir de certa altura, vêm neles convergir uma série de más notícias ambientais.
Primeiro, as praias, progressivamente mais frequentadas, suscitam preocupação quanto à sanidade das suas águas, e esta preocupação vai apontar directamente para os rios como causa primeira dessa poluição. Depois, fica claro o uso indiscriminado que as indústrias obsoletas e frágeis faziam das águas fluviais como meio de escoamento de poluentes; bem como o facto das urbanizações clandestinas, e não só, fazerem deles esgotos a céu aberto; resíduos de toda a ordem, escorrências de lixeiras e agro-químicos são outros agentes da vitimação dos rios.
Neste episódio pretende-se mostrar o percurso histórico e geográfico de alguns rios e rias; estuários e mar. O objectivo é clarificar, por um lado, os processos de transição simbólica ¿ das águas que tudo lavam, levam e purificam, às águas imprestáveis e repulsivas. E, por outro lado, os processos da sua transformação física que contribuíram para esse lento acordar tanto das autoridades como da opinião pública face ao problema.
O episódio mostrará como, primeiro as políticas estruturantes do Estado Novo; depois o desordenamento resultante da permissividade e ausência de regras mínimas de planeamento; e, finalmente, os investimentos mal conduzidos em infra-estruturas de saneamento básico - levaram ao estado actual das nossas águas.