Entre o segundo pós-Guerra e a primeira crise de petróleo em 1973, o Ocidente viveu em crescente prosperidade assente numa grande euforia técnico-científica e na sociedade de consumo. Portugal, contudo, foi arrastando a sua ruralidade declinante ¿ entre uma actividade agrícola pouco produtiva, um sector pesqueiro nada ousado e uma industrialização incipiente. Os anos 50 foram tão sombrios no país, quanto os anos 60 foram exasperados: guerra, emigração e isolamento.
Com o 25 de Abril, passada uma breve fase de turbulência política, Portugal atrela-se à Europa e apanha simultaneamente o comboio da economia de mercado e da modernização sócio-cultural. A economia do país cresceu, mas de forma descoordenada, quase sempre à pequena escala e com consequências graves na degradação ambiental. É sobre todo este processo que incide a 1ª parte deste episódio.
Mas então não existiu Política de Ambiente em Portugal? A segunda parte do episódio percorre os diversos momentos-chave dessa política ¿ mostrando documentários de época e entrevistando, na actualidade, os seus principais protagonistas. Desde a formação da Comissão Nacional do Ambiente em 1971, presidida pelo então deputado da ala liberal José Correia da Cunha, e que produziu a 1ª série ambiental para a RTP; passando pela formação da Subsecretaria de Estado do Ambiente no pós-revolução dirigida por Ribeiro Telles; pelo curto período de euforia sob a vigência de Carlos Pimenta, em meados dos anos 80; até à acção pontual das Presidências Abertas de Mário Soares (nos anos 93-94), e à inacção menos pontual da maior parte dos responsáveis que foram assumindo a pasta do Ambiente.