Depois de ter perdido o Brasil, em 1822, a Coroa Portuguesa renova o seu interesse pelas colónias africanas e, em particular, pelo arquipélago de S.Tomé e Príncipe.
Nas ilhas haviam sido introduzidas as culturas do café e do cacau. Com inesperado êxito, os grandes proprietários da colónia conseguiam colocar a bom preço os novos produtos agrícolas nos mercados internacionais. Mas a abolição da escravatura no espaço africano, em 1878, vem perturbar de forma radical o fomento económico de S.Tomé e Príncipe onde nas grandes plantações ou roças se utilizava mão-de- obra escrava.
Perante uma crise braçal, tentando responder às necessidades dos roçeiros, a Coroa decide implementar um novo regime de angariação de trabalhadores. Uma Curadoria dos Serviçais, responsável pelo apoio aos recém-libertos e pelo recrutamento, mediante um contrato, contrata serviçais de outras partes do Império para trabalhar nas roças de cacau.
Foi assim que milhares de homens de Angola, Moçambique e Cabo Verde e de outros pontos de África foram introduzidos em S.Tomé para trabalhar nas roças 14 a 16 horas por dia, com a promessa de ao fim de 5 anos serem repatriados para a sua terra de origem. O sistema era, na prática, uma forma encarapuçada de escravatura, tendo sido alvo de várias denúncias internacionais como a de William Cadbury que encabeçou uma campanha contra o "cacau-escravo".