"E para quê poetas em tempos de indigência?", questiona-nos Friedrich Holderlin na elegia "Pão e Vinho", num dos versos mais célebres da poesia alemã.
É precisamente por Holderlin, e pela edição da sua poesia completa, numa tradução de João Barrento, tradutor que considera que a forma final da poesia de Holderlin é a de "um cristal anguloso, nunca a de um organismo perfeito", que Filipa Leal e Pedro Lamares iniciam esta nova emissão de Nada Será Como Dante.
Entre leituras de Ramalho Ortigão, Elisa Gabbert, Ida Vitale ou Erling Kagge, recordamos o viver tão fascinante quanto sofrido, entre a vulnerabilidade e a irascibilidade, de um ícone sem tempo: Maria Callas, a "Divina". Um livro que recolhe cartas e memórias da soprano, da autoria de Tom Volf, foi da estampa ao teatro, e a atriz que dá corpo a Callas, Monica Bellucci, garante que o que mais a fascinou foi perceber que Callas, a mulher, viveu sempre como queria num tempo em que às mulheres não se lho permitia.
A terminar, seguimos os passos de Alexandra Lucas Coelho em Beirute, autora e jornalista que, da revolução de 2019 (que nunca se cumpriu afinal) à explosão do ano seguinte que devastou a cidade libanesa, revolve na milenar história daquele país para descobrir que respostas há para o futuro num lugar tão apaixonante quanto amargurado, mas nunca por nunca vencido.