Em 1975, uma comunidade piscatória do Algarve derruba as barracas de junco e platex onde viveu, sobre o areal, durante mais de 20 anos. Ansiosos receber a democracia em casas novas, decidem construir um bairro em tijolo e cimento. Assim nasceu a aldeia da Meia Praia, em Lagos. O projeto de autoconstrução foi lançado pelo Estado, ao abrigo do Serviço Ambulatório de Apoio Local (SAAL), que tinha como missão erradicar 170 bairros de lata no país. Para tal, os habitantes garantiam a mão-de-obra e parte da verba, em troca de financiamento público e ajuda técnica. Homens, mulheres e crianças, todos participam nos trabalhos, filmados pela câmara do realizador António da Cunha Telles. Contudo, mais de quatro décadas após a fundação, o bairro da Associação de Moradores 25 de Abril - os "índios da Meia Praia" cantados por Zeca Afonso -continua clandestino. É atualmente o único projeto SAAL que aguarda o pleno reconhecimento dos poderes públicos. Nele vivem cerca de 300 pessoas, em casas sem escritura nem arruamentos, lado a lado com um campo de golfe e vários empreendimentos turísticos. Porque foi construído em Domínio Público Marítimo, junto às dunas, o bairro está marcado para desaparecer.
Uma grande reportagem do jornalista Duarte Baltazar, com imagem de João Junça, Carlos Pinota e Nuno Sabino e edição de Paulo Nunes.
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