Quem pensa que a “Guerra das Estrelas” é apenas o título de uma saga de ficção científica não está a par do que as duas superpotências espaciais, Estados Unidos e Rússia, estão já a engendrar em material bélico extraterreno. Longe vão os tempos em que as armas mais perigosas estavam “literalmente” debaixo de terra. Agora pairam sobre as nossas cabeças. Mais propriamente na órbita do planeta.
Sob a sigla SDI (Strategic Defense Initiative) – mais conhecido por Star Wars -, este programa militar tinha como objetivo criar um sistema defensivo orbital composto por armas espaciais (mísseis e lasers) capazes de impedir um ataque nuclear contra território dos Estados Unidos.
Passadas quase quatro décadas, há quem afirme, não oficialmente, que este sistema existe. O programa em si, na realidade, nunca deixou de ser estudado.
Recentemente, a Administração Trump veio dar conhecimento de uma nova e vincada aposta - o projeto "Space Force". Tratas-se de um programa que dá cada vez mais maior credibilidade aos teóricos da conspiração, que alegam já existir mecanismos em órbita capazes de oferecer uma “Guerra das Estrelas”.
Russos e americanos na corridaSpace Force all the way!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 9 de agosto de 2018
Desde a década de 60 do século XX que o Homem coloca em órbita milhares de objetos eletrónicos (satélites). Mas sabemos efetivamente para que servem? A grande maioria serve para comunicar e avaliar a saúde do planeta. Outros - e cada vez mais - são apenas sucata espacial.
Mas há alguns, que apesar de apresentados como “civis”, desempenham uma dupla função. Basta olhar para o que a Google Maps disponibiliza e verifica-se que o Big Brother está, de facto, a olhar para nós. E depois há os outros: os que são colocados em órbita sem qualquer explicação.
O shuttle secreto X-37B
Está no espaço há 340 dias e pouco ou nada se sabe do que está lá a fazer. De nome X-37B, o pequeno space-shuttle militar da Força Aérea está novamente em órbita - pela quinta vez desde 2010 - a executar tarefas secretas.
Como habitualmente, os detalhes fornecidos pelas fontes oficiais da USAF são escassos. A informação dada é que desta vez o OTV-5 (Orbital Test Vehicle - 5) transporta uma espécie de radiador embutido avançado - ASETS 11 (Advanced Structurally Embedded Thermal Spreader). Um objeto, diz a fonte, que serve para testar componentes eletrónicos experimentais e tubos de calor oscilantes por longos períodos em ambiente espacial.
Verdade ou não, será que esta nave secreta encaixa na recente declaração da criação de uma Força Espacial (Space Force), anunciada por Donald Trump? Para Joan Johnson-Freese, professor no Departamento de Assuntos de Segurança Nacional do Naval War College em Newport, Rhode Island, sim.
"Ironicamente, o X-37B é exatamente o tipo de programa - no sentido de dar aos Estados Unidos flexibilidade de operações no espaço - o que parece estar a levar a atual criação de uma Força Espacial, que já está em andamento", disse.
Supersatélite russo
Quem não quer ficar para trás na corrida militar espacial é o Presidente russo, Vladimir Putin. Os norte-americanos, comprometidos e de mãos dadas com os russos, à boleia dos ex-soviéticos até à Estação Espacial Internacional, pouco podem falar das manobras militares dos “amigos” espaciais. Mas vão alertando que conhecem pelo menos um satélite de insígnia russa com “um comportamento muito anormal”.
Ilustração gráfica de um satélite a inspecionar outro. Crédito: SSL/DR
O satélite em causa foi lançado há cerca de um ano, em outubro. E de acordo com o secretário assistente de controle de armamentos, verificação e conformidade no Departamento de Estado dos EUA este satélite pode ser uma nave munida de algum tipo de armamento espacial. Yleem Poblete interveio na passada terça-feira numa conferência sobre desarmamento em Genebra.
A Rússia descreve o satélite como um "inspetor de aparelhos espaciais", mas os norte-americanos desconfiam.
“Estamos preocupados com o que parece ser um comportamento muito anormal por um declarado inspetor de aparelhos espaciais", refere Poblete.
Um novo poderio militar russo que passa por afirmações como "desenvolvimento de novos mísseis com a intenção expressa de destruir satélites". E mais recentemente, em março deste ano, o anúncio, pela voz do próprio Putin, de "um míssil intercontinental indestrutível".