Google. "Smartphones são usados para espiar os nossos movimentos"

por RTP
“A fome por dados da Google é notória”, acusa Monique Goyens, diretora-geral da BEUC Stephen Lam - Reuters

E não são apenas os passos. Um grupo de organizações de consumidores está preocupado com o tipo de dados recolhido pela Google acerca dos seus utilizadores. Orientação sexual, inclinação política, estilo de vida e opção religiosa – o grupo que se prepara para apresentar a queixa aos reguladores acusa o gigante tecnológico de deter informação demasiado sensível através de um sistema que não é de utilização tão livre como seria de supor.

O grupo reúne organizações da Holanda, Grécia, Eslovénia, Polónia, Noruega, república Checa e Suécia, que preparam queixas nos respetivos reguladores nacionais contra o que dizem ser um abuso de dados da Google. Em causa está o “Google's tracking system”, em tradução livre “sistema de rastreamento do Google”.

Estas organizações dizem que aquele que é o principal site de buscas da Internet não dá grande liberdade aos utilizadores para desligarem o sistema de localização, já que isso afetará a eficácia de outras funcionalidades.

“A fome por dados da Google é notória”, acusa Monique Goyens, diretora-geral da BEUC, grupo que actua em defesa dos consumidores em Bruxelas, e que serve agora de chapéu para as sete organizações.

“A situação é muito alarmante. Os smartphones estão a ser usados para espiar todos os nossos movimentos”, alerta esta responsável.

Uma acusação refutada pela Google, que diz que colocar o rastreamento em off é uma possibilidade do utilizador. A empresa acrescenta que, por defeito, o sistema aparece desligado e, quando acionado, pode ser colocado em pausa a qualquer momento pelo próprio utilizador.

“Por definição, a localização vem desligada e é possível editá-la, apagá-la ou colocá-la em pausa a qualquer momento”, refere a Google, acrescentando que, “estando ligada, ajuda a melhorar serviços como as previsões de tráfego”.
Um BI informatizado

A possibilidade de traçar o perfil dos utilizadores e o uso que é feito dessa informação parece ser, no caso, a maior preocupação das entidades que preparam as queixas individuais nos respectivos países ao abrigo da regulação europeia para a proteção de dados.

“Este tipo de práticas desleais deixa os consumidores no escuro quando estamos a falar do que acontece com os seus dados pessoais”, declarou um dos porta-vozes destas organizações de consumidores reunidas na BEUC.

O problema reside igualmente na questão de esta escolha não ser completamente voluntária, já que implica a perda de potencialidades nos sistemas usados.

A Google defende-se com a tese de que, ainda que seja desligado o seu sistema de rastreamento, o aparelho seja ainda assim localizado por outras apps que tenham sido instaladas pelos utilizadores.
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