Esta semana, alguém entrou numa caixa subterrânea da área da Baía de São Francisco, Califórnia, e cortou três grandes cabos de fibra ótica de dois fornecedores de Internet sediados no Colorado, Level 3 e Zayo. Foi o mais recente de 11 ataques semelhantes registados desde há pelo menos um ano. O FBI abriu um inquérito e pede ajuda aos cidadãos para perceber o que se passa e identificar os autores dos cortes.
A agência federal norte-americana fala apenas de vandalismo, que está a afetar uma determinada área, mas
há quem considere que as ações parecem coordenadas. Cabos de fibra ótica são feixes de fibras de vidro extremamente finas que usam ondas de luz para transmitir dados. São consideradas autoestradas da rede mundial da informação e transportam vastas quantidades de dados entre eixos multimodais. A partir destes, os serviços de Internet são fornecidos a residências e empresas através de cabos de menor capacidade.
Os agentes do FBI reconhecem contudo que os atacantes necessitam de utensílios específicos, já que os revestimentos que protegem os cabos de fibra ótica são especialmente resistentes.
Todos os ataques atingiram cabos de grande capacidade e afetaram a ligação à rede de milhares de pessoas, embora o FBI não divulgue com exatidão a amplitude das consequências.

Neste ataque de terça-feira foram sobretudo as empresas e os residentes em torno da capital estadual, Sacramento, a ficar sem sinal. O corte teve lugar às 4h20 da madrugada, em Livermore, uma cidade próxima de São Francisco e, de acordo com o Wall Street Journal, provocou perturbações no sinal até Seattle perto de Silicon Valley.
Apelo ao público
"Quando afeta múltiplas empresas e cidades, torna-se preocupante", refere o agente especial do FBI Greg Wuthrich, ao USA Today. "Precisamos mesmo da ajuda do público". Todos os ataques ocorreram em zonas remotas e desertas, não vigiadas por câmaras.
"Todas as pessoas que se encontravam nestas zonas nestes períodos e que tenham visto qualquer coisa suspeita, ou ligada às operações de manutenção das telecomunicações, são convidadas a contactar com o FBI," apela a agência federal norte-americana num comunicado.
"Os indivíduos podem parecer empregados normais de telecomunicações", precisa o documento difundido em meados de junho, após dois novos casos em três dias.
Agora os investigadores estão a trabalhar com responsáveis da Level 3 e da Zayo e ninguém comenta a ocorrência. "Estão envolvidas agências de segurança e as equipas de reparação estão a trabalhar para restaurar as ligações o mais depressa que podem", respondeu apenas via e-mail a porta-voz da Zayo, Shannon Paulk.

A vulnerabilidade da rede
Desta vez, ao contrário das anteriores, o FBI proibiu a reparação imediata dos cabos e o corte da internet durou mais tempo.
"Quando ocorreram os primeiros cortes, os cabos foram reparados e ficamos sem nenhuma prova, sem nada para examinar", explicou Wuthrich ao Wall Street Journal. "Precisamos de algum tempo para colocar as nossas equipas nos locais afetados".
O envolvimento do FBI reflete a preocupação crescente com a vulnerabilidade da infraestrutura da internet, até mesmo a nível global.
O próprio padrão dos ataques recentes, mesmo localizados, levanta questões graves de segurança, refere JJ Thompson, o presidente do Conselho de Administração de Rook Security, um fornecedor e consultor de serviços de Indianápolis.
O primeiro corte desta série sucedeu há um ano, a 6 de julho de 2014. No Arizona, no início de 2015, dezenas de milhares de pessoas foram desligadas da internet depois de alguém cortar os cabos de fibra ótica subterrâneos.
Já em abril de 2009, num episódio semelhante, cabos subterrâneos de fibra ótica na Califórnia foram cortados em quatro locais, deitando abaixo linhas de telecomunicações, telemóveis e ligação à internet, de dezenas de milhares de residentes das comarcas de Santa Clara, Santa Cruz e San Benito.
Teste à segurança
"Quando são situações espalhadas numa área geográfica, existe a possibilidade de alguém estar a testar as nossas capacidades, tempos de resposta e impacto", refere Thompson. "É o pesadelo de qualquer pessoa responsável pela segurança". Garantir a segurança destas ligações "é um desafio gigantesco para os municípios, governos e a América corporativa", diz Thompson.
Um único ataque pode por exemplo desativar diversas empresas, já que "habitualmente a fibra que serve várias empresas segue ao longo da mesma rua ou do mesmo túnel. Quem queira pode fazer um buraco e cortar o sinal a três empresas de uma só vez", refere Richard Doherty, diretor de uma empresa de pesquisa e avaliação de mercado de empresas tecnológicas.
Os cabos estão ainda bem assinalados, para auxílio das equipas de reparação. Ou de vândalos. "Há bandeiras e sinais, a indicar a qualquer pessoa que queira fazer estragos, está aqui rapazes", comenta Doherty ironicamente.
A existência de ligações de segurança pode ajudar a deflectir o impacto junto dos consumidores, que talvez notem menor rapidez no uso de e-mails ou de sinal vídeo, sem contudo serem totalmente desligados da rede. Mas as reparações são caras e as multas a quem provoque estragos voluntariamente não são ainda significativas nem dissuasoras.

A Baía de São Francisco é uma importante zona de passagem dos cabos submarinos do Pacífico, que ligam os Estados Unidos à China, ao Japão, à América do Sul e até à Austrália.
Os agentes do FBI reconhecem contudo que os atacantes necessitam de utensílios específicos, já que os revestimentos que protegem os cabos de fibra ótica são especialmente resistentes.
Todos os ataques atingiram cabos de grande capacidade e afetaram a ligação à rede de milhares de pessoas, embora o FBI não divulgue com exatidão a amplitude das consequências.
Neste ataque de terça-feira foram sobretudo as empresas e os residentes em torno da capital estadual, Sacramento, a ficar sem sinal. O corte teve lugar às 4h20 da madrugada, em Livermore, uma cidade próxima de São Francisco e, de acordo com o Wall Street Journal, provocou perturbações no sinal até Seattle perto de Silicon Valley.
Apelo ao público
"Quando afeta múltiplas empresas e cidades, torna-se preocupante", refere o agente especial do FBI Greg Wuthrich, ao USA Today. "Precisamos mesmo da ajuda do público". Todos os ataques ocorreram em zonas remotas e desertas, não vigiadas por câmaras.
"Todas as pessoas que se encontravam nestas zonas nestes períodos e que tenham visto qualquer coisa suspeita, ou ligada às operações de manutenção das telecomunicações, são convidadas a contactar com o FBI," apela a agência federal norte-americana num comunicado.
"Os indivíduos podem parecer empregados normais de telecomunicações", precisa o documento difundido em meados de junho, após dois novos casos em três dias.
Agora os investigadores estão a trabalhar com responsáveis da Level 3 e da Zayo e ninguém comenta a ocorrência. "Estão envolvidas agências de segurança e as equipas de reparação estão a trabalhar para restaurar as ligações o mais depressa que podem", respondeu apenas via e-mail a porta-voz da Zayo, Shannon Paulk.
A vulnerabilidade da rede
Desta vez, ao contrário das anteriores, o FBI proibiu a reparação imediata dos cabos e o corte da internet durou mais tempo.
"Quando ocorreram os primeiros cortes, os cabos foram reparados e ficamos sem nenhuma prova, sem nada para examinar", explicou Wuthrich ao Wall Street Journal. "Precisamos de algum tempo para colocar as nossas equipas nos locais afetados".
O envolvimento do FBI reflete a preocupação crescente com a vulnerabilidade da infraestrutura da internet, até mesmo a nível global.
O próprio padrão dos ataques recentes, mesmo localizados, levanta questões graves de segurança, refere JJ Thompson, o presidente do Conselho de Administração de Rook Security, um fornecedor e consultor de serviços de Indianápolis.
O primeiro corte desta série sucedeu há um ano, a 6 de julho de 2014. No Arizona, no início de 2015, dezenas de milhares de pessoas foram desligadas da internet depois de alguém cortar os cabos de fibra ótica subterrâneos.
Já em abril de 2009, num episódio semelhante, cabos subterrâneos de fibra ótica na Califórnia foram cortados em quatro locais, deitando abaixo linhas de telecomunicações, telemóveis e ligação à internet, de dezenas de milhares de residentes das comarcas de Santa Clara, Santa Cruz e San Benito.
Teste à segurança
"Quando são situações espalhadas numa área geográfica, existe a possibilidade de alguém estar a testar as nossas capacidades, tempos de resposta e impacto", refere Thompson. "É o pesadelo de qualquer pessoa responsável pela segurança". Garantir a segurança destas ligações "é um desafio gigantesco para os municípios, governos e a América corporativa", diz Thompson.
Um único ataque pode por exemplo desativar diversas empresas, já que "habitualmente a fibra que serve várias empresas segue ao longo da mesma rua ou do mesmo túnel. Quem queira pode fazer um buraco e cortar o sinal a três empresas de uma só vez", refere Richard Doherty, diretor de uma empresa de pesquisa e avaliação de mercado de empresas tecnológicas.
Os cabos estão ainda bem assinalados, para auxílio das equipas de reparação. Ou de vândalos. "Há bandeiras e sinais, a indicar a qualquer pessoa que queira fazer estragos, está aqui rapazes", comenta Doherty ironicamente.
A existência de ligações de segurança pode ajudar a deflectir o impacto junto dos consumidores, que talvez notem menor rapidez no uso de e-mails ou de sinal vídeo, sem contudo serem totalmente desligados da rede. Mas as reparações são caras e as multas a quem provoque estragos voluntariamente não são ainda significativas nem dissuasoras.
A Baía de São Francisco é uma importante zona de passagem dos cabos submarinos do Pacífico, que ligam os Estados Unidos à China, ao Japão, à América do Sul e até à Austrália.