Mundial Feminino. "Kika" Nazareth: "Saímos com sabor amargo"

por RTP

A futebolista Kika Nazareth, avançada da seleção portuguesa, era a voz do desalento após o empate 0-0 com os EUA, na terceira jornada da fase de grupos do Mundial feminino. Portugal disse adeus à competição.

Sobre a sensação que fica deste Mundial a jogadora considerou: "Acho que temos de sair daqui orgulhosos. Não podemos esquecer que jogámos num estádio com 40 mil pessoas e contra as bicampeãs do mundo e o jogo foi nosso, a bola esteve do nosso lado. Saímos com a certeza de de neste patamar não podemos desperdiçar as oportunidades que criamos. Temos de criar mais, mais criámos. Saímos com um sabor amargo, faltou um bocadinho de sorte. O resto esteve lá: o talento, o trabalho, a equipa, o esforço, a dedicação. Faltou aquela pontinha de sorte".

O que sentiu naquele minuto com a bola enviada ao poste? À pergunta respondeu: "É perceber que não foi só a Capeta, não foram só as 11 lá dentro. Foi Portugal em campo, a mostrar que acreditava que acreditou até ao último minuto. Fizemos por acreditar e provámos que somos capazes. Daqui a quatro anos as jogadoras vão ser outras, mas Portugal está a crescer e acho que temos um grande caminho pela frente, um caminho bonito, com um sorriso na cara para o percorrer. Depois deste jogo, isto tem tudo para Portugal andar para a frente. Vamos fazer coisas bonitas daqui para a frente."

Questionada sobre se houve injustiça hoje frisou: "Faz parte do futebol, que é relativo, não é certo. Não são só os números, não é a equipa que mais ataca e mais remates faz que ganha sempre. O futebol acontece, não há padrão. É bonito, porque é incerto. O resultado de hoje não fez com que saíssemos com um sorriso na cara, mas daqui para a frente vamos perceber o que fizemos contra as bicampeãs do mundo".

"Kika" não se esqueceu de agradecer às jogadores mais experientes da seleção: "Este Mundial não é meu, não foi para mim. Foi para as jogadores que andam cá há muitos anos a trabalhar. Eu, se tudo correr bem, hei de ter mais Mundiais. Se tivesse de escolher uma palavra seria todos os nomes desta equipa. O futebol para mim são as pessoas. Saio daqui triste pelo facto de, possivelmente, não ter mais nenhum Mundial com esta equipa, por saber que não poderei estar com estas pessoas no próximo Mundial".

A finalizar e questionada sobre o que a deixa com o maior sorriso realçou: "É o que está por trás das câmaras e as pessoas não veem. Os almoços, as atividades de equipa, os treinos... são esses pormenores que as pessoas não veem e que nos fazem ser grandes dentro do campo".
PUB