EM DIRETO
Deputados discutem o Estado da Nação

Vírus da gripe A é uma ameaça para os próximos três anos

por RTP
"O vírus vem em ondas, o H1N1 vai continuar a ser o vírus da gripe predominante durante mais dois ou três anos, depois vai dissolver-se no da gripe sanzonal", sustentou David Mercer, director da Unidade de Doenças Infecciosas da OMS EPA

Um especialista da Organização Mundial de Saúde sustentou que o vírus da gripe A vai continuar a propagar-se nos próximos dois, três anos. O aviso foi deixado numa conferência na Gulbenkian, durante a qual o director-geral de Saúde, Francisco George, estimou que 1,1 milhões de  pessoas em Portugal serão infectadas com o H1N1, 10 mil do quais casos graves.

Na sua participação na conferência "Gripe A: Informar para agir", Francisco George sustentou que no seu pico, durante as estações mais frias, cerca de 11 por cento dos portugueses deverão ser infectados com o vírus H1N1, o que se traduz em 1,1 milhões de doentes com gripe A.

De acordo com o director-geral de Saúde, destes casos, um por cento serão severos, o que se traduz em 10 mil pessoas em estado grave: "Há um por cento de casos que são graves e um por cento dos casos num milhão de doentes são dez mil casos graves. Portanto, estamos perante um fenómeno que pode ter pouca expressão em termos de taxas percentuais, mas que em números absolutos impõe um stress grande às unidades de saúde".

Vírus da gripe A vai andar por aí nos próximos anos
Outra informação que pode traduzir alguma preocupação por parte das autoridades da Saúde a nível internacional partiu do representante da Organização Mundial de Saúde (OMS), que apontou um cenário de três anos de propagação até que o vírus H1N1 desapareça e se dilua nas estirpes da gripe sazonal.

"O vírus vem em ondas, o H1N1 vai continuar a ser o vírus da gripe predominante durante mais dois ou três anos, depois vai dissolver-se no da gripe sanzonal", sustentou David Mercer, director da Unidade de Doenças Infecciosas da OMS.

Nesse sentido, David Mercer considera que nos próximos meses os vários países vão ter pela frente uma série de decisões vitais em termos de combate à pandemia, uma delas decidir a quem atribuir as vacinas que serão escassas numa primeira fase.

Adiantando que não haverá vacinas para todos, e que os anti-virais apenas deverão ser administrados como tratamento e nunca de forma profilática, este especialista da OMS abordou a necessidade de serem definidos que grupos devem ser vacinados.

Uma vez que não haverá fornecimento contínuo de vacinas antes de Outubro ou Novembro - e com a estimativa de que os fornecimentos não cobrirão toda a população -, David Mercer sublinhou que caberá a cada país, individualmente e de acordo com a sua epidemiologia e objectivos de prevenção, definir uma metodologia própria de vacinação.

Francisco George traça perfil dos potenciais doentes
Francisco George afirmou perante o auditório da Gulbenkian, onde decorre a conferência promovida pela rádio TSF e pela Direcção-Geral de Saúde, a convicção de que o cenário que se aproxima para a evolução da gripe A não será muito diferente do que acontece por norma com a gripe sazonal, que chega a afectar entre 5 e 10 por cento da população em alguns anos.

No que respeita ao perfil dos doentes com gripe A, o director-geral de Saúde sublinhou que 80 por cento dos casos ocorrem em crianças e jovens com menos de 30 anos. Francisco George indicou que nas próximas semanas serão os jovens dos 10 aos 19 anos e as crianças até aos nove os grupos mais atingidos pela doença.

"Admitimos que nas próximas semanas as crianças venham a ser proporcionalmente mais atingidas dos que os jovens adultos", reafirmou Francisco George aos jornalistas num contacto à margem da conferência.

PUB