Via Verde AVC ainda é opção secundária em Portugal

por Marcos Celso - RTP
Portugal ainda tem muito por fazer na resposta à incidência de AVC Reuters

O serviço Via Verde AVC não é utilizado nem por metade dos doentes com acidente vascular cerebral - a principal causa de morte em Portugal.

Os números não mentem e indicam que o serviço disponibilizado para os acidentes vasculares cerebrais - a Via Verde AVC - ainda é pouco utilizado pelos portugueses e potenciais vítimas.

De acordo com o INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica), no ano passado mais de 3.100 casos foram encaminhados através deste sistema de apoio.

Elsa Azevedo, neurologista e vice-presidente da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral, entende que os números agora revelados  deviam ser bem mais altos.
Erro 100

error on HTML5 media element

Este conteúdo está neste momento indisponível

100%
Volume
00:00/00:00
Qualidade

E esta quinta-feira assinala-se precisamente o Dia Nacional do Doente com AVC, sendo que menos de metade dos doentes portugueses que entram nas unidades de AVC são admitidos através do sistema Via Verde. Isto leva a concluir que não ligaram o 112 e que os doentes deslocaram-se ao hospital por meios próprios.

No entanto, Elsa Azevedo lembra que há justificações para essa realidade e
sublinha que nem todas as zonas do país estão servidas pelo sistema de Via Verde AVC.
Erro 100

error on HTML5 media element

Este conteúdo está neste momento indisponível

100%
Volume
00:00/00:00
Qualidade

Mais de uma morte por hora em 2013

Sabe-se que, de acordo com o último relatório da Direção-Geral da Saúde,
quase 12 mil pessoas morreram, em 2015, por doenças cerebrovasculares em Portugal, sendo 1.773 mortes por AVC hemorrágico e 6.099 por AVC isquémico.

São dados preocupantes mas que, ainda assim, representam uma diminuição de 1.269 mortes comparativamente a 2012, ano em que a mortalidade total por doenças cerebrovasculares se cifrou em 13.020 casos.

Em 2013 morreram 12.273 pessoas com AVC - mais de uma por hora -, quase o dobro daquelas que sucumbiram a enfartes.
O dobro das mortes de Espanha

Um dos indicadores comparativos mostra a realidade portuguesa no que respeita ao acidente vascular cerebral (AVC).

Um relatório de 2015 mostra que Portugal tem o dobro da mortalidade de Espanha, registando 88,1 óbitos por cada 100 mil habitantes, contra 44,9 no país vizinho.

No que respeita às doenças cardiovasculares, Portugal situa-se entre os países que têm a maior taxa de mortalidade - 7.º lugar entre 34 - e é também um dos que mais progrediram nas últimas duas décadas no área do AVC: de 1990 a 2013, a taxa caiu 73 por cento, passando de 330 óbitos por cem mil habitantes para os tais 88,1 óbitos.

Os dados constam do relatório Health at a Glance, divulgado no final do ano passado e encomendado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE).
Rapidez, a palavra-chave

Os técnicos não se cansam de alertar para a importância de se reconhecer os primeiros sintomas e que se ligue de imediato o 112, já que as primeiras horas de um AVC (acidente vascular cerebral) são decisivas para a sobrevivência e para o tratamento. A hipertensão, o tabagismo, o sedentarismo e a obesidade e motivos genéticos são alguns dos principais fatores de risco.

Nesse cenário, o Instituto Nacional de Emergência Médica aconselha as pessoas a ligarem o número perante os sinais e os sintomas de AVC, como falta de força num braço, boca ao lado ou dificuldade em falar.
Erro 100

error on HTML5 media element

Este conteúdo está neste momento indisponível

100%
Volume
00:00/00:00
Qualidade

E vão também nesse sentido os conselhos de Elsa Azevedo, vice-presidente da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral.
Erro 100

error on HTML5 media element

Este conteúdo está neste momento indisponível

100%
Volume
00:00/00:00
Qualidade

Ainda segundo o mesmo relatório da OCDE - Health at a Glance - o número de doentes e o atraso na resposta no hospital explicam a taxa alta de AVC em Portugal, embora a mesma tenha diminuído 73 por cento em 23 anos.

Uma vez mais, a rapidez é decisiva na comparação entre Portugal e Espanha. Para além de outros fatores, o relatório destaca algumas diferenças culturais e no tratamento da doença, onde a organização dos cuidados é mais avançada em Espanha, o que leva alguns especialistas a afirmar: "são mais rápidos do que nós".
Tópicos
PUB