O número de mortos provocado pelo surto de legionella em Lisboa subiu para quatro, anunciou a Direção-geral da Saúde. Trata-se de uma mulher de 97 anos que morreu na manhã desta sexta-feira.
O número de casos de infetados aumentou para 44. Todas as pessoas infetadas com legionella tinham doenças crónicas já existentes, sendo que a grande maioria (70 por cento) são pessoas com 70 ou mais anos.
De acordo com o boletim epidemiológico da Direção-geral da Saúde publicado na página da entidade na internet, há neste momento seis pessoas internadas em Unidades de Cuidados Intensivos.
Os óbitos ocorreram a 6,9 e 10 de novembro.
Os números são relativos às 12h30 desta sexta-feira e vêm atualizar o anterior balanço feito durante a manhã em conferência de imprensa, que representava já um aumento do número de vítimas mortais (3) e de pessoas infetadas (43). A diretora-geral da Saúde adiantou que a terceira vítima mortal do surto, de 68 anos, tinha falecido durante a noite no hospital São Francisco Xavier.
“Esta senhora teve o contágio no âmbito de um contacto com o Hospital São Francisco Xavier”, embora ainda não se tenha apurado se o contágio ocorreu antes ou depois da admissão ao hospital. "Era uma senhora com muitas patologias associadas”, adiantou a diretora-geral da saúde, em conferência de imprensa.Fase decrescente da doença
A diretora-geral da saúde recusou-se a fazer comentários sobre as causas da infeção mas defendeu que as pessoas não devem “ter medo” caso necessitem de ir ao hospital.
Entretanto, houve três pessoas que já receberam alta e “pelo menos quatro” têm alta programada.
Graça Freitas estima ainda que o surto esteja em fase decrescente e que o número de novos casos diários passe a ser esporádico.
“Os dados de modelação matemática confirmam essa tendência”, referiu Graça Freitas, acrescentando que “se tudo continuar a acontecer como agora, o número de casos diários será esporádico e o surto será dado como controlado dentro de poucos dias”.
Governo promete "agir com firmeza"
O ministro da Saúde prometeu hoje "agir com toda a firmeza" no "apuramento factual" da origem do surto de 'legionella', salientando que é necessário "perceber exatamente" qual a falha técnica que o originou e de quem é a responsabilidade.
Adalberto Campos Fernandes lamentou mais uma morte provocada pela 'legionella' e confirmou que há ainda "risco" de haver mais mortes, durante uma conferência dedicada ao tema "As Misericórdias e a Saúde", em Riba d'Ave, Vila Nova de Famalicão.
"As garantias [que posso dar aos portugueses] é de agir com toda a firmeza e determinação sobre aquilo que for o apuramento factual das responsabilidades. Isso é a melhor garantia que damos aos portugueses é que isto não se pode repetir e temos que perceber exatamente qual foi a falha técnica e a responsabilidade dessa falha técnica ter ocorrido", disse.
O titular da pasta da Saúde lembrou que está a decorrer "um conjunto de inquéritos" e que "é fundamental perceber como é que equipamentos que têm contratos de manutenção, de vigilância, que estão subcontratados, podem, ao que tudo indica, ter libertado para a atmosfera estas bactérias".
À altura das declarações do ministro era apenas conhecida uma terceira vítima mortal. O ministro lamentou, explicando que "infelizmente, [a situação] está dentro daquilo que é o padrão epidemiológico" que se traçou.
"E é possível que possa vir a acontecer um ou outro caso porque trata-se de doentes com grande vulnerabilidade. O risco está presente e vale a pena falar verdade aos portugueses porque essa probabilidade existe", afirmou.
No entanto, disse, "a parte positiva da situação é que as previsões inicialmente feitas pelos epidemiologistas estão dia a dia a confirmar-se" sendo que "o tempo máximo de incubação de 10 dias está-se a cumprir e o número de casos diários está a ser menor".
"Vamos acreditar que na próxima semana se venha a finalizar", concluiu.
c/ Lusa