Governo garante abertura normal do ano lectivo, no dia em que foi conhecido mais um caso de uma criança contaminada numa creche de Mem Martins depois de terem encerrado na terça-feira um externato em Benfica e uma creche nos Açores com casos confirmados de contaminação. Boas práticas e Higiene acompanhadas de regras rígidas serão o mote de prevenção.
"A solução não é atrasar o início do ano escolar. Se em Setembro nós estamos preocupados, estamos mais preocupados com o Inverno", afirmou a ministra da Saúde, que participava na cerimónia comemorativa do 30º aniversário do Serviço Nacional de Saúde.
Ana Jorge defende que "todas as escolas têm de saber o que é que fazem, temos de proteger, não só os alunos, mas também os professores e os outros profissionais", aplicando "regras de higiene muito rígidas".
Também os estabelecimentos de ensino que se mantém abertos durante o período de férias, de acordo com a responsável governamental pela pasta da saúde "sabem as condições que têm de ter e as medidas a adoptar caso surjam casos de gripe".
"Sempre que houver algum doente é preciso que seja notificado rapidamente e uma equipa de saúde irá falar à escola e tomar as medidas que forem adequadas para aquele momento e para aquela escola", explicou a governante.
Ana Jorge reiterou que "o problema da gripe não será exclusivamente no início do ano lectivo".
"O problema da pandemia vai começar a aparecer progressivamente e não vai durar só no início do ano lectivo, vai prolongar-se por vários períodos e algumas escolas poderão ser abrangidas. Vamos ter de conter a doença e evitar o contágio entre os alunos", frisou.
Ana Jorge recordou que o Ministério da Saúde está a trabalhar com o Ministério da Educação para "definir o que já está definido no plano de contingência e concertar acções para que as escolas e todos os espaços estejam no fundo preparados para o que possa acontecer".
CNIPE contra adiamento de ano lectivo
A Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE) veio também hoje reagir em relação à proposta da sua congénere CONFAP, defendendo uma posição que vai ao encontro da defendida pela ministra da Saúde.
Esta associação de Pais defende que "não faz qualquer sentido" o adiamento do início do ano lectivo, até porque o pico de incidência de casos só deverá acontecer entre Outubro e Dezembro.
Tal como vêem defendendo as autoridades sanitárias, também a CNIPE reputa de mais importante que pais cumpram regras elementares da boa higiene e perante uma situação gripal consultem as autoridades antes de levarem os filhos à escola.
Creche de Mem Martins sob controlo
Esta quarta-feira foi diagnosticado um caso de gripe A H1n1 num aluno de uma creche em Mem Martins, nos arredores de Lisboa.
A criança, de três anos, esteve no México nos últimos quinze dias de Junho, tendo regressado a Portugal no passado dia 30, não apresentando sinais de estar infectada com a gripe A.
"A criança esteve nas nossas instalações nos primeiros três dias de Julho. Na sexta-feira (3 de Julho) à noite é que a mãe detectou que a criança tinha febre e levou-a ao Hospital Dona Estefânia, onde, depois de fazer exames, lhe foi diagnosticada a gripe", explicou Carlos Silva, director da creche.
O perigo de contágio acaba esta sexta-feira, cumprido que será o sétimo dia após o diagnóstico. "A criança está em casa medicada, não tem febre, e sexta-feira já podia regressar à instituição. No entanto, não vai regressar já porque segunda-feira vamos fazer um ponto de situação com o delegado de saúde, que vai fazer o atestado de quando é que pode regressar sem qualquer risco", adiantou.
A creche continua aberta porque as autoridades de saúde garantem que o período de incubação já passou, mas os todos os 120 alunos que frequentam a creche estão sob controlo.
"Não existe perigo de contágio. Tivemos conhecimento deste caso no sábado através da Direcção-Geral da Saúde e do Hospital Dona Estefânia e fizemos imediatamente uma desinfecção à creche", disse Carlos Silva, director da instituição, acrescentando que "todos os pais foram informados" pelos responsáveis da creche.
O caso já era do conhecimento dos encarregados de educação desde a passada segunda-feira. A creche foi toda desinfectada pelos serviços competentes de saúde, os pais foram medicados, podendo assim, com a concordância dos serviços do ministério da Saúde, continuar aberta.
Até ao momento não houve nesta creche nenhuma outra criança que apresentasse quaisquer sintomas desta pandemia. As autoridades sanitárias mantêm no entanto, a vigilância até ao início da próxima semana.
Crianças com doenças crónicas serão vacinadas
Todas as crianças com patologia crónica receberão a vacina contra o vírus da gripe A (H1N1), anunciou Ana Jorge esta quarta-feira, que informou ainda, estarem a ser estudados os riscos e benefícios da sua administração a outras crianças.
Portugal ainda não definiu os grupos prioritários a receber em primeiro lugar as vacinas que foram entretanto, já pré-encomendadas e que chegarão em princípio para 30% da população.
Ana Jorge lembrou que "as crianças são sempre um grupo populacional mais afecto a tudo o que são infecções respiratórias virais".
O Inverno é uma estação do ano em que as crianças mais pequenas têm muitas infecções, febre, tosse e constipações. "A criança, porque ainda está a desenvolver o seu sistema imunitário, tem mais probabilidades de ter infecções" do que o resto da população, segundo explica a ministra.
Ana Jorge justifica as cautelas com a esperança que se adquira "mais conhecimento sobre os efeitos da vacina e os riscos/benefícios de dar mais vacinas às crianças".
A Organização Mundial de Saúde está a estudar esta situação para dar indicações, que serão depois implementadas em Portugal.
Sobem para 61 os casos de Gripe A em PortugalPortugal tem 61 casos confirmados de gripe A (H1N1), de acordo com o Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças.
No relatório das 17h00 desta quarta-feira, o Centro Europeu avançava com 61 casos confirmados em Portugal, quatro dos quais reportados nas últimas 24 horas.
A nível europeu, o mesmo relatório indica o registo de 238 novos casos registados nas últimas 24 horas, totalizando 10 820 casos.
O Reino Unido regista o maior número de casos (7 447), seguido da Espanha (870), da Alemanha (591) e de França (403).
Fora da Europa foram registados nas últimas 24 horas mais 1 254 novos casos, o que totaliza 89 894.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o vírus H1N1 já contagiou 100 714 pessoas no mundo, tendo causado 441 mortes.