O trabalho suplementar no Serviço Nacional de Saúde (SNS) atingiu em 2018 o valor mais elevado de que há registo. Aumentou 11 por cento no ano passado em comparação com 2017.
Só em 2018, a despesa com o trabalho suplementar no SNS chegou aos 263 milhões de euros.
O relatório social do Ministério da Saúde e do SNS, a que o jornal I teve acesso, revela que em 2018 foram pagas 13,1 milhões de horas extra, mais 1,3 milhões do que em 2017.
Um valor que originou o pagamento de 263 milhões de euros em horas extra. Os enfermeiros foram o grupo profissional onde se registou o maior aumento no trabalho suplementar. Deve-se, em boa parte, à redução do horário de trabalho para as 35 horas. Uma situação que foi alargada no ano passado aos trabalhadores com contrato individual de trabalho.
Escreve o jornal I que com menos cinco horas de trabalho por semana, e apesar do reforço de 1373 enfermeiros no SNS, estes trabalhadores acabaram por fazer mais 683 mil horas extra em 2018, quando comparado com o ano anterior.
No total foram 3,2 milhões de horas a mais, o que representou um aumento de 27 por cento. Em média, cada enfermeiro com trabalho suplementar faz uma média de 115 horas extra por ano.
Tarefeiros
Outro dado revelado neste relatório indica que as prestações de serviço - os chamados "tarefeiros" - utilizados em boa parte para completar turnos de urgência, representaram uma despesa global de 105 milhões de euros.
À Antena 1, o presidente da Associação dos Administradores Hospitalares não se mostrou surpreendido com o aumento dos gastos com médicos tarefeiros, pagos à hora.
Em alguns hospitais, disse, 80% dos serviços são garantidos por médicos que não são do quadro.
Alexandre Lourenço avisa que por este caminho a despesa pode mesmo aumentar nos proximos anos.
Em alguns hospitais, disse, 80% dos serviços são garantidos por médicos que não são do quadro.
Alexandre Lourenço avisa que por este caminho a despesa pode mesmo aumentar nos proximos anos.
Médicos e as horas extra
No caso dos médicos, o aumento de horas extra de trabalho não é de todo tão expressivo. Registou-se um crescimento de 2 por cento em 2018 em relação ao ano anterior.
É preciso ter em conta que os médicos mantiveram, na maior parte dos casos, o regime de trabalho de 40 horas.
Apesar de o aumento ser reduzido, a verdade é que são os médicos que fazem mais horas extra. Em 2018 foram cerca de 5,7 milhões de horas em trabalho suplementar.
No ano passado, cada médico com trabalho suplementar trabalhou em média mais 303 horas.
O relatório, divulgado pelo I, diz que há especialidades onde o número médio de horas extra é mais notório. É o caso das especialidades cirúrgicas. O trabalho suplementar é aqui usado para recuperação de cirurgias no âmbito do SIGIC. Nas especialidades, como anestesiologia, o cenário é semelhante. Em média, nestas áreas, são feitas mais 460 horas extra por ano.