Damos-lhe aqui algumas das respostas para que possa compreender o que está a acontecer com o actual surto do vírus zika no Brasil e restantes países do Continente Americano.
É um vírus da família Flaviviridae, do género Flavivirus. Está relacionado com os vírus da dengue, febre amarela, encefalite do Nilo e encefalite japonesa e da febre chikungunya.
O vírus zika foi isolado pela primeira vez em macacos do Uganda em 1947 na floresta de Zika.
Em humanos, a sua presença foi identificada pela primeira vez em 1954, na Nigéria. Deram-se desde então mais quatro surtos em África, no Sudoeste Asiático, e Ilhas do Pacífico.
Estima-se que o vírus venha a infetar em 2016 até quatro milhões de pessoas.
SINTOMAS
Os sintomas e sinais clínicos da doença são, regra geral, ligeiros:
- Febre
- Erupções cutâneas
- Dores nas articulações
- Conjuntivite
- Dores de cabeça e musculares
Há entretanto forte evidência de que a infeção pelo vírus zika esteja associada a casos de microcefalia congénita, quando se afecta mulheres grávidas. No Brasil, registaram-se menos de 150 casos em todo o ano de 2014, mas são já mais de 3500 desde Outubro, altura do surto de zika.
Pode ainda verificar-se uma desordem rara do sistema nervoso, o síndrome Guillain-Barre, que causa paralisia temporária.
TRATAMENTO
Não há ainda qualquer vacina ou medicamento contra o zika. Apenas se faz o tratamento dos sintomas com anti-inflamatórios e analgésicos.
Estima-se que uma vacina apenas venha a tornar-se eficaz dentro de uma década. Os ensaios clínicos desta vacina apenas estarão disponíveis em dois anos.
As medidas para conter a doença incluem a erradicação do mosquito, mediante a eliminação de águas paradas, que podem ser terreno fértil para a proliferação do Aedes aegypti, e tentar evitar as picadas com repelentes, uso de roupa que cubra todo o corpo e portas e janelas fechadas.
COMO SE TRANSMITE
Nos humanos, o vírus é transmitido através da picada do mosquito Aedes aegypti. Estes mosquitos vivem em todo o Continente americano, exepto no Canadá e Chile, devido às baixas temperaturas destes países.
Alguns especialistas admitem porém que o zika tenha encontrado outro portador, um mosquito mais comum em todo o mundo. Acredita-se que o vírus já esteja num mosquito denominado Culex, 20 vezes mais comum do que o Aedes, e que se encontra em várias zonas das Américas, África e Ásia.
A cadeia de transmissão do vírus começa assim que um mosquito pica uma pessoa infectada, podendo então picar outras pessoas e infectá-las com o zika.
Estudos mostram que o período de incubação em mosquitos é de cerca de 10 dias. Os hospedeiros vertebrados do vírus incluem macacos e humanos.
MODUS OPERANDI DO ZIKA
O mosquito que passa o vírus para as pessoas é mais activo durante o dia, pelo que as redes mosquiteiras na cama são pouco eficazes para o travar.
Existem ainda relatos que sugerem a hipótese de transmissão por via sexual, mas esta é uma hipótese ainda não provada.
Cientistas brasileiros do Estado do Paraná descobriram através de um caso de aborto devido a microcefalia do feto que nas grávidas, uma vez transmitido à mulher, o vírus é capaz de penetrar a placenta.
O Brasil já tem 3893 casos de microcefalia desde outubro de 2015. Antes do surto, a média anual era de 160 casos.
ONDE
O actual surto nas Américas terá começado no Brasil por alturas do Mundial de Futebol de 2014, evento que levou ao país turistas de várias partes do mundo, inclusive de áreas atingidas pelo zika, como África e Ásia.
No primeiro semestre de 2015, já havia casos confirmados em Estados de todas as regiões brasileiras.
O Brasil é o país mais fustigado por esta nova epidemia, tendo entre 500 mil e um milhão e meio de casos confirmados.
A Colômbia é o segundo país mais atingido, estimando-se 600 mil casos para 2016. Até 16 de janeiro foram confirmados 13.808, incluindo 890 grávidas.
HISTÓRIA DO VÍRUS
No período entre 1951 e 1981, o zika foi detectado em seres humanos em vários países africanos: Uganda, Tanzânia, Egito, República Centro-Africana, Serra Leoa e Gabão. E também na Ásia: Índia, Malásia, Filipinas, Tailândia, Vietnam e Indonésia.
O primeiro surto da doença fora da África e Ásia aconteceu em 2007 na ilha de Yap, Estados Federados da Micronésia. Face aos sintomas, pensou-se inicialmente tratar-se de dengue. Registaram-se 49 casos, outros 59 não confirmados, e nenhuma morte ou hospitalização.
Este mês, nasceu nos Estados Unidos um bebé com microcefalia, naquele que foi o primeiro caso de dano cerebral causado pelo zika nos Estados Unidos. A mãe terá sido infectada numa viagem ao Brasil em Maio de 2015, quando já estava grávida.
Neste momento são 23 os países e regiões da América Americano que assinalam a presença do vírus. Todos os 55 países do Continente, à exepção do Chile e Canadá, correm fortes riscos de exposição.
A Organização Mundial de Saúde estima que só no Continente Americano o zika venha a infectar até 4 milhões de pessoas, um milhão e meio só no Brasil.