Número de mortes por cancro do fígado dispara nos Estados Unidos

por RTP
Washington teve a maior taxa de mortalidade de cancro do fígado em 2016 Katarina Stoltz - Reuters

A taxa de mortalidade por cancro do fígado nos Estados Unidos aumentou para 43 por cento em 16 anos. O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças e o Centro de Estatísticas de Saúde daquele país divulgaram esta terça-feira um relatório com as taxas de mortalidade entre 2000 e 2016.

As taxas de mortalidade do cancro do fígado aumentaram tanto para homens como para mulheres com mais de 25 anos. Segundo a CNN, este aumento contrasta com a redução da taxa de mortalidade de outros cancros. 

Segundo o médico Jiaquan Xu, autor do relatório, o aumento da mortalidade por cancro do fígado não significa que este seja mais letal. Significa que as pessoas estão a desenvolver mais o cancro.

Farhad Islami, diretor estratégico de investigação em vigilância do cancro, referiu que mais de 70 por cento dos casos de cancro de fígado são causados por doença hepática subjacente – quando o fígado é exposto a várias formas de agressão. Há fatores que são propícios à doença, como o excesso de consumo de álcool, tabagismo, obesidade e hepatite B e C.
Apenas os asiáticos e os habitantes da Polinésia tiveram uma redução na mortalidade.

“Eu acho que a principal razão para o aumento de cancro do fígado e para a mortalidade nos EUA é o aumento do excesso de peso e a infeção pelo vírus da hepatice C em baby boomers [pessoas nascidas entre 1946 e 1964]”, disse Islami.

Por norma, as pessoas que tenham hepatite C demoram alguns anos a desenvolver cancro do fígado, por isso o aumento de cancro em pessoas mais velhas que receberam transfusões de sangue e transplantes de órgãos antes de 1992 era maior. As pessoas com 75 ou mais anos foram as mais afetadas.

Manish A. Shah, médico oncologista na Universidade de Medicina Weill Cornell e no Hospital NewYork–Presbyterian, refere que a partilha de agulhas, devido à hepatite C, levou ao aumento de cirrose hepática - destruição do fígado – nos anos de 1990 e 2000.
“Alguns dos fatores de risco de cancro do fígado, como a obesidade, diabetes e excesso de álcool, podem sem evitados”, disse o autor do relatório.
“Há um longo reconhecimento de que os homens têm um risco maior de cancro do fígado do que as mulheres”, disse Scott L. Friedman, responsável pela divisão de doenças do fígado na Faculdade de Medicina de Monte Sinai, Nova Iorque.

Ainda assim, entre 2000 e 2016 os homens e as mulheres tiveram aumentos semelhantes – 43 por cento homens e 40 por cento mulheres.

Citada pela CNN, a American Cancer Society refere que quando o cancro está apenas no fígado há uma taxa de sobrevivência de 31 por cento em cinco anos. Quando se metastisa para órgãos mais próximos, a taxa cai para 11 por cento e, quando se espalha pelo corpo, a percentagem é de apenas três por cento.
As taxas de sobrevivência dependem de quando é descoberto o cancro.

Embora não haja certeza de que a raça influencie a origem do cancro, os adultos brancos tiveram a menor taxa de mortalidade nos últimos 16 anos de estudos.

Washington teve a maior taxa de mortalidade de cancro do fígado em 2016, enquanto o Estado do Vermont teve a menor. As diferenças entre os Estados na prevenção e no tratamento de doenças como a hepatite C podem ser um dos motivos, disse Scott Friedman.

O custo dos tratamentos da hepatite C são elevados e os medicamentos não são suportados pelos seguros de saúde.
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