Um estudo demonstrou que a poluição do ar pode conduzir a problemas cardíacos, mesmo quando a exposição é baixa. A investigação britânica abrangeu 3920 pessoas.
O aumento das cavidades é um dos primeiros sinais para possíveis falências cardíacas, tal como explica Nay Aung, um dos investigadores envolvidos neste trabalho.
“Quando [as cavidades cardíacas] aumentam, significa que o coração está sob stress, pelo que a única maneira de acomodar o aumento de pressão e volume é tornar-se maior. Se o fator de stress não é alterado nem tratado, o coração pode falhar a longo prazo”, declarou Aung, citado no jornal britânico The Guardian.
O estudo utilizou os dados de 3920 pessoas do Reino Unido e ressonâncias magnéticas. Os indivíduos, entre os 40 e os 69 anos, não tinham doenças cardiovasculares.
Foi ainda garantido que os indivíduos não mudaram de casa durante o período do estudo, por forma a avaliar os níveis de poluição nas respetivas zonas de residência.
Concluiu-se que a exposição a material particulado (PM2.5 e PM10) e a dióxido de nitrogénio (NO2) - ambos produtos de poluição do ar – levaram a um aumento de ambos os ventrículos.
Para além disso, foi provado que estar exposto a poluição sonora, como seria o caso de estradas com muito tráfego, causava o aumento do ventrículo esquerdo. Contrariamente, viver mais afastado das principais estradas foi associado a menos massa no mesmo ventrículo.
Níveis baixos de poluição também prejudicam
Para além destas conclusões, demonstrou-se que a exposição dos participantes a PM2.5 e PM10, para além de NO2, estava abaixo das diretrizes do Reino Unido.
Desta forma, as pessoas foram afetadas pela poluição do ar, mesmo em níveis abaixo do limite considerado pelo Reino Unido.
No estudo é dito que a exposição média anual a PM2.5 variou entre oito a 12 microgramas por metro quadrado. O Reino Unido estabelece 25 microgramas por metro cúbico como o limite máximo de exposição a material particulado.
Já a exposição dos indivíduos do estudo a NO2 variou entre os dez e as 50 microgramas por metro cúbico – os limites do Reino Unido são de 40 microgramas por metro cúbico.
Os ventrículos aumentavam 1 por cento por cada dez microgramas extra de NO2 e por cada um micrograma extra de PM2.5, como é explicado pela BBC.
No entanto, Aung alerta para a importância da alteração.
“Apesar de o aumento da cavidade cardíaco ser pequeno, é um sinal de alerta precoce”, defende.
O investigador acrescenta que “os médicos e o público em geral precisam de ter em atenção a exposição [à poluição do ar] quando pensam na saúde do coração, tal como têm em conta a pressão arterial, o colesterol e o peso”.