Os dados constam do relatório de 2015 sobre a saúde mental em Portugal da Direção-Geral da Saúde e referem-se a tratamentos para a hiperatividade e défice de atenção. Milhares de crianças portuguesas, até aos 14 anos de idade, consumiram mais de cinco milhões de calmantes.
O coordenador do Programa Nacional para a Saúde Mental, Álvaro Carvalho, afirmou à Antena 1 que conta lançar, a curto prazo, várias normas, orientações e avisos.
Álvaro Carvalho adverte que o uso constante destes fármacos pode causar atrasos no desenvolvimento do sistema nervoso central das crianças.
O coordenador do Programa Nacional para a Saúde Mental sublinha ainda que muitos diagnósticos não se confirmam, até porque se baseiam apenas em sintomas.
O relatório da DGS faz ainda um alerta para a ligeireza com que se fala em hiperatividade infantil, o que leva - diz o documento - a uma prescrição frequente de medicamentos.
Esta é um revelação que não surpreende a pedopsiquiatra Ana Vasconcelos, que confirma esta realidade e reconhece que são os próprios médicos que muitas vezes abusam das prescrições. Por não terem tempo para realizar uma melhor avaliação dos sintomas.
Ana Vasconcelos sublinha que são já os próprios pais a questionarem a necessidade da prescrição.
Os dados revelam que no segmento das crianças até aos quatro anos de idade foram administradas, só em 2015, cerca de 2.900 doses diárias.
No grupo etário entre os cinco e os nove anos o número de doses superou o milhão e, nas crianças dos dez aos catorze anos, foram administrados quase quatro milhões de calmantes.