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União Europeia tem "coisas melhores a fazer do que queimar gás", alerta especialista suíço

por RTP

A solução para a crise energética está à vista de todos: na tecnologia que já existe e que podemos usar agora. É a opinião de Bertrand Piccard que se apresenta como explorador em série e pioneiro em energias limpas.

Bertrand Piccard foi a primeira pessoa a dar a volta ao mundo num avião movido apenas a energia solar. Esteve em Lisboa numa conferência sobre inovação, organizada pelo Banco Europeu de Investimento.

Apresenta-se como explorador em série e pioneiro de energias limpas. "A inovação não surge quando se tem uma ideia nova; a inovação surge quando nos livramos de uma antiga crença."

Critica os esforços da União Europeia na substituição do gás russo por importações de outros fornecedores. "Estamos sem gás russo. Ok. Estamos sem gás russo mas temos coisas muito melhores para fazer do que queimar gás."

A União Europeia deve antes apostar na tecnologia que já existe, e, em particular, na redução do consumo.

"Por vezes, ouvimos dizer que as energias renováveis nunca serão suficientes. Por que razão não são suficientes? Porque ¾ da energia que é produzida são perdidos por causa da ineficiência." Resolvido o problema, "as fontes renováveis serão suficientes," acredita Piccard.

O psiquiatra suíço elogia o projeto português Atlantic Wind Float, um parque eólico construído em alto mar, vinte quilómetros ao largo da costa de Viana do Castelo. Por ano, as três turbinas podem abastecer 60 mil habitações.

O projeto, liderado pela EDP, recebeu 60 milhões de euros do Banco Europeu de Investimento.

Portugal pode também vir a exportar hidrogénio para o resto da Europa através de um novo gasoduto que atravesse a Península Ibérica. Usado primeiro para gás natural, a adaptação para o hidrogénio teria um custo acrescido de 89 milhões de euros.

Ricardo Mourinho Félix, Vice-presidente do BEI, esclarece de que maneira o banco europeu poderia financiar o projeto. "O BEI não financia infraestruturas que sejam exclusivamente dedicadas a gás natural," apenas as que, construídas hoje, "sejam utilizadas também para os gases como o hidrogénio.”

A Conferência sobre inovação para a sustentabilidade teve lugar no Instituto Superior de Economia e Gestão, em Lisboa, e contou com o apoio da Presidência da República.

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