O acordo de retirada do Reino Unido da União Europeia “parece ser um excelente negócio para a União Europeia” e implica que os britânicos não possam ter atividades comerciais com os Estados Unidos. A interpretação é do Presidente norte-americano Donald Trump e já foi rejeitada pelo gabinete da primeira-ministra britânica. O documento irá a votos no Parlamento a 11 de dezembro, mas se os deputados se pronunciassem hoje o texto seria rejeitado.
A primeira-ministra britânica enfrenta dias difíceis em Westminster, mas de fora do Reino Unido chegam declarações que podem agravar o tom do debate na Câmara dos Comuns.
“Neste momento, se olharmos para o acordo, (o Reino Unido) poderá não estar autorizado a negociar connosco. E isso não seria uma coisa boa. Penso que não querem isso”, declarou Donald Trump.
Esta não é a primeira vez que Donald Trump faz comentários sobre as opções políticas britânicas. Em julho, surpreendeu os britânicos ao afirmar que a intenção de Londres em ter uma relação próxima com a União Europeia "provavelmente" mataria a possibilidade de chegar a um acordo de livre comércio.
No da seguinte, já manifestava a vontade em concluir um acordo "formidável" com os britânicos.
Estratégia negocial
No entanto, Downing Street sustenta ser “muito claro” que o Reino Unido vai negociar acordos de comércio com todos os países que entender. O ministro David Lidington veio de imediato denunciar a estratégia de Trump e disse que os comentários do Presidente norte-americano “não são inesperados”.
"O Presidente Trump sempre disse com toda a clareza: Ponho a América primeiro. Bem, esperaria que a primeira-ministra britânica tenha os interesses britânicos em primeiro lugar", respondeu o ministro.
Durante o debate na Câmara dos Comuns, na segunda-feira, Theresa May respondeu aos críticos do acordo de saída do Reino Unido da União Europeia, com o argumento que este vai permitir recuperar o controlo de leis, dinheiro e fronteiras.
O ministro admite que o Parlamento rejeitaria o acordo para o Brexit caso a votação fosse realizada hoje. Os deputados britânicos votam a ratificação ou rejeição do documento no dia 11 de dezembro. “Se o voto fosse hoje, seria difícil ganhar, mas penso que temos tempo até lá”, afirmou Lindington.
Liderado por Theresa May, o Partido Conservador ocupa 314 dos 650 lugares da Câmara dos Comuns. Precisa de reunir 320 votos para ratificar o acordo.
No entanto, este cenário parece mais difícil quando o ceticismo cresce mesmo dentro da ala mais fiel a May. Esta terça-feira, o antigo ministro da Defesa Michael Fallon anunciou que vai votar contra o acordo “porque este não é um bom acordo e nós precisamos de um acordo melhor”.
Considerando que o documento está "condenado", Fallon defende “o envio de negociadores para Bruxelas por dois ou três meses – ou até adiar a data de saída por mais dois ou três meses”.
No entanto, Fallon considera que tirar Theresa May da liderança do Governo não vai melhorar as perspetivas para os britânicos.
Périplo e debate
O gabinete de Theresa May acrescenta que a primeira-ministra está pronta para defender o acordo na televisão, num frente-a-frente com o líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn. O debate está marcado para 9 de dezembro, dois dias antes da votação no Parlamento.
“Vou explicar porque acho que este é um bom acordo para o Reino Unido", declarou Theresa May ao tablóide The Sun. "Estou pronta para debater com Jeremy Corbyn porque tenho um plano. E ele não tem", acrescentou.
De acordo com um porta-voz dos Trabalhistas, Corbyn está ansioso para entrar em debate com May e classificou o acordo de "ato de automutilação nacional".
Theresa May começa esta terça-feira uma campanha de proximidade dos cidadãos, para comunicar as virtudes do acordo já aprovado em Bruxelas. O País de Gales é o primeiro destino, seguindo-se a Irlanda do Norte e a Escócia, ainda esta esta semana.
c/ agências