O Reino Unido pode perder 169 mil milhões de euros nos próximos 15 anos se sair da União Europeia sem um acordo. A perda representaria 7,7 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), estima o Tesouro britânico. Por outro lado, se o atual acordo entrar em vigor, a economia britânica deverá contrair-se em cerca de dois por cento do PIB em 15 anos.
A primeira-ministra afastou de novo a hipótese de um segundo referendo, com o argumento de que tal processo atrasaria a saída do Reino Unido ou aumentaria a possibilidade de sair sem acordo a 29 de março de 2019.
No entanto, o ministro das Finanças Philip Hammond notou que para além das variáveis políticas estão em jogo “benefícios políticos”.
"De uma perspetiva puramente económica, deixar a União Europeia terá um custo (…) O que a primeira-ministra está a tentar fazer é minimizar os custos”, declarou Philip Hammond à BBC Radio 4.
O ministro admitiu que a saída vai criar “impedimentos ao comércio”, mas contrapôs que a continuidade no bloco não era politicamente “viável”.
Segundo o ministro, a versão do Brexit de Theresa May combina a maior parte dos benefícios económicos de pertencer ao bloco europeu com os benefícios políticos da saída, como a capacidade de negociar acordos comerciais e ter controlo das águas piscatórias.
A análise económica oficial ao impacto do Brexit, revelada no relatório do Ministério britânico das Finanças, foi citada no Parlamento durante um frente-a-frente entre Theresa May e o líder da oposição, Jeremy Corbyn.
Foram analisado quatro cenários para futuros modelos de políticas comerciais. Para as estimativas não foram consideradas eventuais alterações às políticas de imigração e às taxas alfandegárias.
De acordo com o The Guardian, 94 deputados conservadores vão votar contra o acordo já ratificado em Bruxelas, mas este número poderá subir nos próximos dias. A votação está marcada para 11 de dezembro.
No entanto, se for considerado que a imigração originária da União Europeia fosse “zero” nos próximos 15 anos, o impacto na economia britânica subiria para 3,9 por cento em caso de acordo e de 9,3 por cento sem acordo.
Os números do relatório vêm contrariar as expectativas criadas pelo movimento pró-Brexit, que argumentava que o abandono do bloco europeu iria tornar a Grã-Bretanha e os britânicos mais prósperos. Os números da imigração, considerados muito elevados pelos que votaram na saída, foram outro dos temas do referendo.
"Demorou até esta manhã para o chanceler finalmente admitir: seria melhor ficarmos na União Europeia", afirmou a deputada trabalhista Alison McGovern, para quem Hammond "confessou que o acordo do Governo traria impedimentos ao comércio. Isso significa uma ameaça aos empregos", acrescentou.