Um filme de cerca de 14 minutos, rodado por equipas de filmagem do exército alemão, constitui um verdadeiro achado da jornalista Silvia Alves, no decurso da pesquisa que tem constituído o suporte para a série "Postal da Grande Guerra", na RTP 2.
O historiador Bernd Ulrich explica que filmes da UFA como este eram mostrados ao público da retaguarda, nos primeiros cinemas que começavam a aparecer, e ao público militar, em cinemas da frente. Começa por essa altura a notar-se nas filmagens uma consciência dos soldados sobre o significado de serem filmados. Alguns acenam mesmo para as câmaras.
A propaganda de guerra alemã também tem noção da utilidade que pode ter o cinema. Os prisioneiros portugueses que aparecem no filme da UFA, embora tenham passado um mau bocado, aparecem ainda como prisioneiros de 1914, relativamente bem fardados e bem alimentados - ao contrário das imagens que irão retratar os prisioneiros alemães uns meses depois, à beira da derrota, completamente esgotados e emagrecidos.