Jornais internacionais defendem que França e Grécia vão provocar reviravolta na política da Europa
Lisboa, 07 mai (Lusa) -- Os resultados das eleições em França e na Grécia são vistos na imprensa internacional como respostas às medidas de austeridade na zona euro e um desafio à política de redução de custos da Alemanha.
Na Alemanha, o jornal Bild dirige-se diretamente a Ãngela Merkel, com o título "Bom dia senhora chanceler, Este [François Hollande] é o homem mais importante da sua vida política agora", referindo-se à vitória do candidato socialista nas presidenciais francesas.
Já o Welt é mais comedido e destaca as comemorações do novo Presidente francês na Bastilha.
Sobre a Grécia, o Bild refere que o "Caos ganhou sobre a Razão", enquanto o Welt diz que os "Gregos rejeitaram claramente partidários da redução de custos" e garante que o euro e as bolsas europeias estão "em queda livre" devido às eleições de domingo.
Também os jornais espanhóis dão destaque à França e à Grécia, com o El Pais a escrever, em editorial, que o resultado das eleições nos dois países mostra uma "Europa exausta" e que a vitória de Hollande é "Uma nova etapa na Europa" e "um impulso a uma política de crescimento".
Sobre a Grécia, o editorial refere "a Ira dos Gregos" e mostra-se preocupado com a entrada de 21 neonazis no Parlamento local.
O El Mundo também fala de mudanças na direção da Europa e diz que serão os jovens, "figura-chave da vitória de Hollande", quem vai difundir a mudança nos países vizinhos da Europa, e adianta que foi a crise económica que acabou com quatro décadas de bipartidarismo na Grécia.
O Vanguardia defende que as mudanças em Paris e Atenas são "duro golpe duplo para a política de austeridade extrema de Berlim" e defende que as eleições na Grécia "dinamitam o equilíbrio e ameaçam o resgate" económico do país.
O jornal faz ainda referência ao "cumprimento nazi no Parlamento grego" depois de o partido da extrema-direita "Amanhecer Dourado" ter conseguido conquistar vários lugares.
No Reino Unido, os jornais mostram-se mais distantes face às alterações na Europa, com o Financial Times a dar conta da vitória de Hollande como último reforço contra crise e referindo que o apoio aos partidos pré-Europa na Grécia "colapsou".
O The Guardian adianta que os apoiantes de Hollande "festejam primeiro Presidente socialista desde Mitterand" e que os gregos "rejeitaram austeridade".
Já o The Times é mais contundente e defende que viragem à esquerda em França é "revolta contra crise" e que os resultados das eleições gregas ameaçam criar "Caos na Europa".
"La vie en rose" é o título escolhido pelo italiano Corriere della Sera para a vitória socialista em França, mostrando "Grande surpresa" com conquista da esquerda radical e dos neo-nazis na Grécia.
O La Stampa considera que "Atenas paralisou" e que a "austeridade não bastou a Sarkozy" e sublinha que os extremistas gregos são "O pesadelo de Bruxelas".
Do outro lado do Mundo, nos Estados Unidos, o New York Times puxa à primeira página a vitória de Hollande na França, dizendo que "será vista como um desafio à política de austeridade na zona euro", mas não refere a Grécia na capa do jornal.
O The Wall Street Journal também fala em "Desafio à austeridade da Alemanha", escrevendo que "Voto de Fúria" atravessa Europa.