Keir Starmer desvaloriza ajuda de voluntários trabalhistas a Kamala Harris
O primeiro-ministro britânico Keir Starmer minimizou a importância da alegada interferência do Partido Trabalhista nas eleições presidenciais norte-americanas. Vários voluntários estiveram nos Estados Unidos a fazer campanha para a candidata democrata Kamala Harris.
O primeiro-ministro britânico negou que a polémica possa pôr em causa a sua relação com Trump.
Já o secretário do Ambiente, Steve Reed, afirmou à BBC que o Partido Trabalhista não financiou nem organizou as viagens dos voluntários.
Falando no programa BBC Breakfast, Steve Reed afirmou que voluntários britânicos fazerem campanha nas eleições americanas “não é invulgar”.
“Cabe aos cidadãos privados decidir como utilizar o seu tempo e o seu dinheiro, e não é invulgar os apoiantes de um partido num país irem fazer campanha para um partido irmão noutro, acontece nos dois sentidos e em muitos países".
Segundo o governante, “nada disto foi organizado ou financiado pelo próprio Partido Trabalhista, são pessoas individuais que fazem as suas próprias escolhas, como são livres de fazer”.
Steve Reed sublinhou a “relação especial de longa data” do Reino Unido com os EUA, acrescentando que o Governo trabalhista irá “trabalhar em estreita colaboração com quem quer que o povo dos Estados Unidos eleja como seu presidente em novembro”.Fontes do Partido Trabalhista britânico insistem que ninguém fez nada de errado, mas é inegável o desconforto em torno da tensão com Trump, que poderá ser eleito presidente dentro de duas semanas.
A polémica foi desencadeada por uma publicação nas redes sociais, entretanto apagada, da diretora de operações do Partido Trabalhista britânico, Sofia Patel, que afirmava ter cerca de 100 atuais e antigos funcionários do partido a caminho da América antes do dia das eleições.
A publicação no LinkedIn referia que tinha “dez lugares disponíveis” para quem quisesse viajar para a Carolina do Norte para fazer campanha por Kamala Harris, acrescentando que “nós tratamos do vosso alojamento”.
"Voluntários participam em quase todas as eleições"
O primeiro-ministro britânico abordou brevemente a questão durante um voo para a Cimeira dos Chefes de Governo da Commonwealth em Samoa, no Pacífico Sul.
Questionado sobre se a polémica poderá pôr em causa a sua relação com Donald Trump, o primeiro-ministro disse que “não” - apontando para o jantar que tiveram na Trump Tower, em Nova Iorque, no mês passado.
“Estabelecemos uma boa relação. Estamos-lhe gratos por ter arranjado tempo para aquele jantar. Tivemos uma discussão boa e construtiva e, claro, como primeiro-ministro do Reino Unido, trabalharei com quem quer que o povo americano eleja como presidente nas suas eleições, que estão muito próximas”, acrescentou Keir StarmerQueixa recorda a guerra da independência
Segundo a BBC, a queixa apresentada à comissão eleitoral norte-americana pela campanha de Donald Trump, “é simultaneamente incisiva e teatral”.
Numa referência ao facto de os EUA terem vencido a sua guerra de independência há quase 250 anos, diz: “Quando os representantes do governo britânico tentaram ir de porta em porta na América, isso não acabou bem para eles”.
A queixa da campanha de Trump à comissão assinala também que funcionários do Partido Trabalhista estiveram presentes na convenção democrata em Chicago e reuniram-se com a equipa de campanha de Harris, nomeando Morgan McSweeney, chefe de gabinete do primeiro-ministro, e Matthew Doyle, diretor de comunicação de Downing Street.
Deborah Mattinson, a antiga diretora de estratégia de Keir Starmer, foi também mencionada como alguém que viajou para Washington em setembro para informar a campanha presidencial de Kamala Harris sobre a abordagem dos trabalhistas para vencer as eleições.
Mattinson já não trabalha para o Partido Trabalhista britânico.
Fontes trabalhistas afirmam à BBC que McSweeney e Doyle foram à convenção democrata no seu tempo livre e que o Partido Democrata não pagou as suas despesas de deslocação ou alojamento.
O alojamento parece ter sido oferecido por outros voluntários e as despesas de deslocação parecem ter sido pagas pelos próprios voluntários.