Democratas tentam conter onda vermelha a formar-se no Arizona

por Lusa

Na última semana antes das eleições, ainda há autocarros que trazem voluntários democratas de Los Angeles para cidades estratégicas no Arizona - como Tucson, Phoenix e Yuma - para tentar convencer eleitores a votar no partido a 05 de novembro.

É uma estratégia de tudo por tudo dos democratas na tentativa de conter a onda vermelha que se espera no Arizona. As sondagens estão renhidas, mas Donald Trump tem uma das vantagens mais consistentes face a Kamala Harris neste estado do "sun belt", a faixa de estados onde se perdem e ganham as chaves para a Casa Branca. 

O ex-presidente tem mais 1,9 pontos percentuais que Harris no agregado FiveThirtyEight (48,7% contra 46,8%), sendo que nenhuma sondagem recente coloca a democrata por cima. 

"Acho que vai ser difícil para Harris ganhar o Arizona, mas Biden ganhou por pouco mais de 10.000 votos, o que significa por volta de seis votos em cada distrito", disse à Lusa o luso-americano Afonso Salcedo, que viajou da Califórnia para o Arizona como voluntário para ir bater às portas. 

"A maior parte dos indecisos com quem falámos ainda não estavam convictos sobre o Ruben Gallego (congressista democrata), mas tinham mais certeza sobre Kamala Harris", partilhou. 

Não são propriamente boas notícias, porque mesmo que não consigam impedir uma vitória de Trump, os democratas querem que pelo menos seja possível ganhar o lugar no Senado que está a ser disputado entre Kari Lake, acérrima defensora do trumpismo que perdeu as eleições para governadora em 2022, e Ruben Gallego, congressista que tem conseguido formar uma coligação de apoio muito relevante. 

As sondagens dão vantagem ao democrata, 53% contra 45% da republicana, sendo que o partido não conseguirá manter o controlo do Senado sem este lugar crucial. 

Na semana passada, o senador Mark Kelly e a ex-embaixadora nas Nações Unidas Susan Rice estiveram em Yuma para um evento de campanha, durante o qual frisaram a necessidade de bater às portas em todo o estado e levar mais pessoas a votar. 

"Um dos problemas que afeta este condado é a fronteira e nós tivemos a oportunidade de aprovar um pacote para reforçar a segurança", disse o senador Mark Kelly, referindo que a legislação contemplava a contratação de mais agentes para a patrulha e um aumento dos vencimentos.

"Não conseguimos fazer isso porque Donald Trump disse aos republicanos que não podiam votar nesta legislação", lembrou. "Ele matou o pacote e isso afeta as pessoas no condado de Yuma". 

O evento aconteceu no café Cafecito, no centro histórico de Yuma, onde o dono Travis Krizay tem tentado criar um espaço de proximidade numa comunidade dividida. 

"Para muitas pessoas neste momento, a identidade política está a tornar-se na sua própria identidade", disse à Lusa Krizay, que se identifica como democrata. "Estou pronto para que isso acabe", frisou, referindo que quer continuar a partilhar espaços e a "partir pão" com os vizinhos, mesmo que não concorde com eles. 

"A fronteira é um problema, é algo que vemos diariamente", indicou o empresário. "Definitivamente vimos um fluxo de pessoas, imigrantes, a chegar". 

Mas, para Krizay, há mais afinidade do que diferenças entre as comunidades fronteiriças. "Sinto-me culturalmente mais ligado às pessoas que vêm do outro lado da fronteira do que com alguém do Iowa", exemplificou. 

Na eleição anterior, o empresário viu "muito mais azul", cor do Partido Democrata, do que alguma vez tinha visto no Arizona. Desta vez, não tem certeza do que vai acontecer mas tem um plano para votar pessoalmente: "Quero receber o autocolante", gracejou, referindo-se ao emblema que os eleitores recebem a dizer "Eu votei" quando vão presencialmente às urnas de voto. 

Para Afonso Salcedo, que vota democrata, a experiência a bater às portas no Arizona rendeu algum otimismo, ainda que as notícias em torno do estado sejam pessimistas. "É impressionante a diferença que um voto pode fazer nestas eleições".

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