Corridas renhidas na Califórnia podem determinar controlo da câmara baixa
A poucos dias das eleições, o democrata George Whitesides juntou uma centena de voluntários para o ajudarem a bater às portas dos eleitores em Santa Clarita, no condado de Los Angeles, e vencer o 27º distrito da Califórnia.
"A fasquia é muito elevada", disse o candidato aos voluntários, num parque da cidade, no sudoeste dos Estados Unidos. "Mas podemos ser guerreiros alegres", acrescentou.
Whitesides é o protagonista de uma das corridas mais renhidas por um lugar na Câmara dos Representantes, a câmara baixa do parlamento dos EUA, e as sondagens mostram que tem dois pontos de vantagem sobre o incumbente, o republicano Mike Garcia.
"Estamos muito entusiasmados", disse o candidato à Lusa, antes de começar a bater às portas dos eleitores. "Acreditamos que temos o impulso do nosso lado", acrescentou.
Se Whitesides vencer e virar este distrito para os democratas, o partido poderá recuperar o controlo da câmara baixa do Congresso, que agora está na mão dos republicanos.
A Califórnia é, para surpresa de muitos, um estado decisivo nesta batalha, já que tem várias corridas apertadas e que podem cair para os dois lados.
"Há muitos temas importantes, mas os mais relevantes são a proteção da democracia, a proteção da autonomia das mulheres, a segurança social e os preços e empregos", resumiu o candidato.
Uma das críticas ao republicano Mike Garcia é que votou contra o pacote legislativo para a infraestrutura de Joe Biden, que acabou por beneficiar a região.
"Há apenas quatro assentos que separam democratas e republicanos na Câmara", disse Whitesides. "Se conseguirmos virar este assento, capturamos 25% do que é necessário para recuperar o controlo, que nos permitirá proteger o clima e a democracia", sublinhou.
Munidos de orientações escritas e um mapa de eleitores registados como democratas, disponível numa aplicação móvel, os voluntários dispersaram com a missão de falar com o máximo de pessoas possível e encorajá-las a preencher e entregar o seu boletim de voto.
A Lusa seguiu o trabalho de Alan R., um voluntário que tem dedicado muito do seu tempo a ajudar candidatos democratas e bateu à porta de dezenas de eleitores, com resultados diversos.
"Falam sobretudo da inflação e da economia", referiu, dizendo que tem encontrado bastantes indecisos. "Há muitas pessoas que estão indiferentes", lamentou.
Um dos eleitores que ainda não votou é Carlos Luna, 33 anos, considerado um eleitor de baixa propensão. Confirmou que recebeu o boletim de voto em casa mas ainda não olhou para ele, e disse que iria fazê-lo com a mulher, Endry.
Também William Ramos, 45, disse estar indeciso e a fazer pesquisa. Prometeu olhar para o boletim de voto "quando tiver algum tempo livre".
Mas Erik Magalit, 44, apesar de estar registado como democrata disse que já tinha votado e optou por Donald Trump. "Você não vai ter simpatizantes aqui", disse ao voluntário.
Foi o contrário na casa de Jacqueline, que disse já ter votado "em todos os democratas". E Aida Torres, de 73 anos, afirmou o mesmo. A eleitora não tinha registo de ter votado antes, pelo menos não neste distrito.
Para quem está a ver a eleição de fora, a partir de Portugal, Whitesides deixou uma mensagem: "Penso que, com a energia positiva que está a ver aqui, há muita gente boa a trabalhar arduamente para termos um bom resultado a 05 de novembro".
"Estamos empenhados na democracia, no clima, em cuidar dos nossos seniores e baixar custos", acrescentou.
Outra das corridas renhidas no sul da Califórnia é em Orange County, onde o democrata Derek Tran tenta tirar o lugar à republicana Michelle Steel. Há também o lugar vago deixado por Katie Porter quando concorreu ao Senado, que está a ser disputado entre o democrata Dave Min e o republicano Scott Baugh.
Mais a norte, dois republicanos de origem portuguesa estão envolvidos em corridas apertadas: David Valadão tenta defender o assento contra Rudy Salas e John Duarte combate o ataque do democrata Adam Gray. Ambos os lusodescendentes estão com ligeira desvantagem nas sondagens disponíveis.
Os democratas consideram crucial recuperar a câmara baixa, em especial porque o mapa do Senado favorece os republicanos, que deverão assumir o controlo da câmara alta.
Se Donald Trump e J.D. Vance ganharem a Casa Branca e os republicanos confirmarem o favoritismo no Senado, só a liderança democrata na Câmara dos Representantes impedirá o controlo legislativo total por parte dos conservadores.