Um desses filmes ficou a cargo da Invicta Film – e aquando da estreia, já em Agosto, o jornal "O Primeiro de Janeiro" noticiou o filme como sendo o melhor que Portugal alguma vez produzira!
Em poucos meses produzira-se não o filme, mas o "Milagre de Tancos" também ele uma ficção!
A realidade de uma instrução militar feita às pressas, com descrença e indisciplina à mistura era contrariada pelos relatos maravilhosas na imprensa – aquela que sobrevivia à censura...
"Que desgosto sentimos de já não estarmos na idade do pezinho de alferes!
E não sabem porquê?
Porque temos lido tais coisas nos grandes órgãos e nos jornais republicanos, de céu aberto que vai em Tancos, que tudo dávamos para ser da tropa e estar lá!
Aquilo não é campo de manobras, não é Tancos, é um Éden, uma mansão celestial!
Muita alegria, muito boa disposição, muita saúde, muito comer do melhor, pinga da superior, uma vida invejável e fantástica!
Ora isto ao pé de quem leva aqui uma vida aborrecida, cheia de sustos e preocupações, de contrariedades e dificuldades, com a neurastenia a avassalar-nos todo o organismo…
Irra!
Que inveja temos da tropa, e que saudade de não sermos soldado!
Se fossemos mais novos já estávamos em Tancos!
Há que tempos! "
Os Ridículos - Hemeroteca de Lisboa
Não há nada como verificar a vida que se levava em Tancos, aliás Paulona, essa enorme cidade feita de pau e lona – com estes 20 mil novos habitantes, a quarta cidade do país.
Ilustração Portuguesa - Hemeroteca de Lisboa
O Século - Hemeroteca de Lisboa
Mas vamos ao que interessa: em termos de barriguinha, e ao contrário do que alguns afirmavam, entravam diariamente toneladas de comida e litradas de vinho, vindas do Entroncamento.
Mas vamos ao que interessa: em termos de barriguinha, e ao contrário do que alguns afirmavam, entravam diariamente toneladas de comida e litradas de vinho, vindas do Entroncamento.
O abastecimento de água é que era insuficiente.
Não havia lona que chegasse para todas as tendas.
O Século - Hemeroteca de Lisboa
Não havia lona que chegasse para todas as tendas.
O Século - Hemeroteca de Lisboa
Como não chegavam as armas, munições e até os sapatos, obrigando a encomendas à indústria privada.
Pão é que não faltava – era, aliás, tanta a abundância que os soldados vendiam o excedente...
Ilustração Portuguesa - Hemeroteca de Lisboa
As tropas estavam mal preparadas – tinham longos períodos de descanso e poucas horas de instrução - pudera, de barriguinha cheia.
O Século - Hemeroteca de Lisboa
Mas, quem eram os parasitas desta fartura? Os comerciantes locais, a quem a polícia apreendia latas de atum e sardinha compradas a 30 centavos aos soldados.
Os soldados bem que queriam fazer negócio, os comerciantes também, mas as baiúcas eram obrigadas a fechar à noite e ao domingo para evitar a embriaguez.
As tropas estavam mal preparadas – tinham longos períodos de descanso e poucas horas de instrução - pudera, de barriguinha cheia.
O Século - Hemeroteca de Lisboa
Mas, quem eram os parasitas desta fartura? Os comerciantes locais, a quem a polícia apreendia latas de atum e sardinha compradas a 30 centavos aos soldados.
Os soldados bem que queriam fazer negócio, os comerciantes também, mas as baiúcas eram obrigadas a fechar à noite e ao domingo para evitar a embriaguez.
Ilustração Portuguesa - Hemeroteca de Lisboa
Evitava-se que afogassem as mágoas das longas marchas obsoletas, dos exercícios de cavalaria sem cabimento, dos treinos de tiro com espingardas e munições diferentes das usadas pelos ingleses na frente de combate.
Ilustração Portuguesa - Hemeroteca de Lisboa
"O governo queria um grosso exército, mas não um exército grosso."
Aprende-se na tropa: à vontade, não é à vontadinha...
Evitava-se que afogassem as mágoas das longas marchas obsoletas, dos exercícios de cavalaria sem cabimento, dos treinos de tiro com espingardas e munições diferentes das usadas pelos ingleses na frente de combate.
Ilustração Portuguesa - Hemeroteca de Lisboa
"O governo queria um grosso exército, mas não um exército grosso."
Aprende-se na tropa: à vontade, não é à vontadinha...